Celebrar




Abril é um mês que me diz muito. Simboliza vida, marca o meu nascimento e de tantas pessoas que conheço e que nascem neste mês. Todos os meses têm o marco de nascimento e vida, mas este toca-me pessoalmente.

Hoje celebro a vida de meu pai. Foi este o dia que escolheu para nascer. E é graças à sua existência que também cá estou. Ele teve a felicidade de me conhecer, de me dar colo, de celebrar a minha vinda, de me acolher e amar, ainda que disso não tenha memória. Guardo retalhos de histórias narradas, fotografias que ajudaram à criança a criar a sua imagem muito própria deste pai. Hoje a adulta continua a relembrar-te, a ter a tua imagem presente, de um pai jovem, pois essa foi a referência que deixaste registada através de fotografia. Hoje farias 62 anos, mas não consigo imaginar como seria o teu rosto, guardo a tua imagem com 25 / 27 anos. E olha que giro, ter-te eternamente jovem nas minhas imagens mentais.

Curiosamente, hoje não sinto nostalgia, apenas alegria por te celebrar, pois como parte minha que és, celebro-me. É também o meu último dia com 36 anos, e para relembrar-me desse facto, fui despertada com a voz de amigos a dizerem-me como te sentes no teu último dia com 36?

E navego na viagem de retrospetiva do ano que passou. Intenso, com tanto movimento, tantas experiências, aprendizagens, transformações. E olho-o com alegria, passou tão rápido e tão cheio. Relembra-me de que tanta vida mora cá dentro. Foram alguns os picos baixos e altos, mas tão ricos.

Os 36 permitiram-me dar um salto no desconhecido, confiar na vida, permitir-me seguir a vontade do coração, ainda que a insegurança e o medo pudessem manifestar-se baixinho, ganhar o impulso para voar. E fui abraçada, a vida mostrou-me suporte, amor, cuidado. Apresentou-me caminho em cada passo que dava, fez-me descobrir mais acerca de mim. Fez-me expandir limites que moravam apenas na minha mente e abriu-me a possibilidades nunca antes imaginadas. Brindou-me com mais mundo, pessoas novas, lugares, ensinamentos fantásticos. Renovaram-me o entusiasmo, a vontade de querer viver mais, explorar e percorrer mais caminho, pelo prazer de caminhar.

A batalha essa vai acompanhar-me, mas aprendi a dar-lhe flores, a torná-la florida. Sempre que ela se mostra, as flores lembram-me que o caminho é reconciliar-me.

E sinto-me muito abençoada por 36 anos de vida até ao último segundo. E que o novo ciclo seja bem-vindo para mais uma voltinha no carrossel e que se renove o entusiasmo, a vontade, a alegria e que a experiência me traga sabedoria, discernimento para agir em sintonia com a vontade do coração e em Amor.


Comentários