Samba no pé... alegria na alma, percorrendo terras brasileiras




Pisou aquela terra além mar.... A vontade de ir surpreendera-a. Aconteceu sem que a tivesse estudado, ponderado. Simplesmente um convite surgira, com menos de uma semana para decidir. Não era o melhor momento para largar a sua rotina e azáfama e ir, mas não teve como dizer não e a resposta surpreendera-a. Quem seria aquela estranha que habitava aquele corpo e lhe tomara a voz e agia daquela forma decidida e espontânea sem pensar no futuro, nos ses, nos prós e contras da dita viagem. E quando deu por ela, lá estava naquela terra estranha com pessoas estranhas, numa descoberta completa de tudo. E o seu país também se tinha aventurado noutras épocas à descoberta de novos mares e terras e lá estava ela em pleno século XXI a fazer o mesmo, a descobrir um novo continente. Tinha chegado ao Brasil, em Novembro de 2015.

E como aquela viagem teria um significado mais profundo do que poderia imaginar. Achava ela que iria apenas fazer uma formação, esse era o motivo, nunca tinha desenvolvido particular interesse por aquelas terras, que tanto entrava como propaganda através das novelas brasileiras. Mas ela tinha ido para Norte. Belo Horizonte e aquele encontro com uma cidade natureza era novo. Toda a paisagem lhe revelava montanhas por todos os lados, natureza, árvores seculares. Uma altitude estrondosa. Sentira-se maravilhada por aquela gente simples, com samba no pé. Por onde passava toda a gente lhe cumprimentava com verdadeira simpatia expressa por todo o corpo e voz. Fora recebida por brasileiras e acolhida no meio delas e deles. A portuguesinha, com sotaque engraçado que chamava a atenção só para lhe ouvirem o sotaque.

Falaram-lhe dos perigos, da violência, mas nada disso vira, apenas gente humilde de todas as classes, a transbordarem de uma Fé e resiliência perante a vida. E ainda que tudo pudesse correr mal, a música, a cantoria, a dança, o alto astral era contagiante. A generosidade de dar por ser essa a sua natureza, o respeito por uma sabedoria superior “se Deus quiser, tudo vai correr bem”.

E se nesse momento, um vazio pudesse atravessar-lhe, o vazio do desconhecido, ali sentia toda a segurança para o que se seguisse a seguir. Antes de atravessar o oceano tinha decidido mudar de rumo, abandonar uma carreira de 13 anos para recomeçar outra nova, sem quaisquer garantias, apenas a vontade de seguir. E ali no meio de estranhos, de tamanha humildade e fé, não houve espaço para que entrasse qualquer dúvida ou pensamento acerca do futuro. Estava presente. Só havia aquele instante e queria bebê-lo por completo. Sentia-se livre, como já há muito não se sentira.

Jamais poderia imaginar o que viria a seguir. E volvidos três anos, percebeu que foi o início da aventura de descobrir o mundo, de rever crenças, de alterar toda a estrutura conhecida até então e criar uma nova, poder voar sem limites. E a viagem apenas começara...

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