As correntes da ansiedade



Nestes últimos tempos tenho ouvido muito a palavra "Ansiedade". Ela está a ganhar força nos dias de hoje. E onde pomos a força, o foco, assim estamos a colocar energia e vibração neste tema.

Não se trata de ignorar o tema, todos temos ansiedade dentro de nós, e é uma força poderosa que nos faz prever cenários futuros e nos ajuda a planear. O problema é quando ela toma conta de nós a ponto de nos fazer acelerar todo o sistema nervoso, de causar as faltas de respiração e ataques de pânico.

Importa ir à Origem, à raiz da questão. Que filme tens gravado dentro de ti e que repetes vezes sem conta e que te acciona o gatilho da ansiedade? Será o medo de não cumprires aquele projeto que te propuseste, não conseguires dar conta de todas as tarefas que tens de executar? Medo que a vida passe por ti e não tenhas experiências extraordinárias? Teres um filme mental de felicidade que não corresponde com aquilo que vives diariamente?


São vários os filmes mentais que temos dentro e que despoletam agitação dentro e fora de nós. E a sociedade lá fora também não ajuda, com o ritmo acelerado e fugaz das novas tecnologias, do fast food, do consumismo, do virtual dos likes. Há uma série de coisas a fazer para atingir a realização de acordo com as métricas de comparação com o mundo dos outros. O reconhecimento e validação do exterior é a bússola orientadora e, quando não é assim tão consciente, os parâmetros são também ele construídos dentro a partir de referências exteriores. Não há como fugir, pois somos esponjas ambulantes que absorvem experiências e conhecimento de fora.

E ainda assim, acha-se que não se sabe o suficiente, que há tanto conhecimento ainda por adquirir e todos os dias somos bombardeados com nova informação. Como não estar Ansioso? E mesmo quando achamos que já não é preciso encher mais o saco de conhecimento, damos por nós no ciclo vicioso de estar ali a absorver mais.

E o grande desafio é DESFORMATAR. Desfragmentar o disco e desprogramar as formas aprendidas. Novas tendências estão também a emergir hoje para responder aos "burnouts", depressão e afins, como a meditação, a nutrição saudável, alteração de estilos de vida, um retomar aos campos, à natureza, a ecologia para um mundo mais sustentável, o minimalismo com a redução de número de peças de roupa, de bens de consumo. Um regresso ao simples, ao essencial.

Após a revolução industrial foi um abrir portas ao consumismo, o ter como reflexo do ser, de realização do indivíduo. E a nova consciência que está a ganhar cada vez mais espaço, mostra que essa superficialidade não traz felicidade, aliás, aumenta a busca incessante por mais e mais, à medida que o vazio dentro cresce. O trabalho agora é de subtração, de eliminar o excesso, para que te possas ver e sentir.

E não estamos habituados a ter espaço, a ter vazio, porque logo corríamos a preenchê-lo com algo. O importante era estar no fazer, na ação. E quando não há, enquanto a espera acontece, o que surge? Ansiedade. Esquecemo-nos de desfrutar o Aqui e Agora, o presente e celebrar os pequenos passos, onde estamos. E ainda que o amanhã possa ser desconhecido e isso também possa ser "assustador", pois não há como controlar o que ainda não chegou, a verdade a ser questionada é: É útil pré-ocupar-me com o que ainda não aconteceu? Traz-me informação para que possa trabalhar aqui e agora? Se sim, faz... se não, desocupa-te e dá utilidade real ao teu tempo com algo que seja proveitoso. Parece simples comentar e falar destas coisas, mas para quem está a viver o cenário não parece ser assim tão simples, pois há manifestação física dos sintomas, nem sempre fáceis de auto-controlar.

Há que treinar a mente, questioná-la, pô-la em causa, respirar e dar movimento ao corpo. Só nos conseguimos manter num determinado estado se o alimentarmos e pormos atenção no que está a acontecer. Há uma estagnação que se fixa num determinado ponto. E se o colocarmos em movimento o corpo estamos a desfocar, a distraí-lo com outros focos. Costumo dizer salta, canta, dança sai daí no sentido literal da coisa. E por mais que queiras não consegues voltar ao estado inicial. Tens de movimentar a tua vontade de querer sair daí. E a pergunta honesta que deves fazer a ti é se queres mesmo sair desse estado. Pode parecer uma pergunta ridícula, mas na verdade é que podemos acostumar-nos tanto com determinado padrão de comportamento, ainda que nos traga desconforto, mas já faz parte que não temos como imaginar como seríamos sem ele. A liberdade pode ser assustadora...


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