Re-estruturar



E já estamos em dezembro! Como o tempo passa... E 2018 foi o ano das viagens. Dentro e fora. Foi o ano dos 3 M - Marrocos, Malta e México.

E se em janeiro me desafiei a abrir a Colher, a apresentá-la como ideia de negócio, a dar-lhe estrutura, voz e maior desenvoltura, foi de mim que falei :), foi um pouco mais de mim que falou, que se abriu, já que a colher fala de mim, revela-me.

Permiti-me percorrer caminhos desconhecidos, a percorrer novas linguagens, a apresentar-me e redescobrir partes ainda não exploradas. Permiti-me perder e sentir a desorientação, permiti-me arriscar por caminhos novos com pessoas novas, permitir-me perder pelo gozo de me perder, dando uma nova perspetiva ao perder... se não conheço, se é novo, como posso perder-me? tudo o que percorrer é Encontro, não há como perder o que não conheço. E se o tema de 2018 foi as viagens, elas permitiram-me perder e ganhar.

Encarar partes escondidas que não se acha piada assumir que moram dentro, abraçar medos, inseguranças, dificuldades e o não saber. Encarar a imprevisibilidade, redescobrir a capacidade do improviso, de sorrir e rir das intempéries, desenvolver a resiliência. E acima de tudo a capacidade de me pôr em causa, de me questionar, de refletir e manter-me fiel ao princípio que me move, o Amor.

A eterna busca que move o ser humano cessa no último sopro de vida. Somos exploradores da "Felicidade", que assume diversos significados para cada um, mas que na verdade está relacionada com a busca da harmonia e equilíbrio. E onde quer que se vá, seja que viagem cada um possa encetar, o resultado mostra sempre um conjunto de vários momentos de altos e baixos, porque assim é a vida, um eletrocardiograma, com picos, a mostrar exatamente que estamos vivos e a linearidade sinaliza o cessar da vida. E a busca fala de como encontrar esse eixo de equilíbrio, como encontrar a casa dentro, que se move fora de acordo com o fluxo que a vida apresenta, lidando com esses sucessivos momentos e acontecimentos e como transformá-los em aprendizagem valiosa e enriquecedora.

São as experiências variadas que tonificam o nosso músculo, que abrem a nossa perceção de mundo, que mostram que nele podem caber várias realidades, mais do que até então podíamos perceber. E, sim conhecer outros mundos, outras realidades, outros contextos, outras formas de viver, abre o nosso campo de visão e de todos os outros sentidos.

Viajar é um "choque" que provocamos no nosso cérebro, na forma como as nossas sinapses são formuladas, é um transtorno que injetamos no nosso interno. Quando lhe damos uma nova noção de tempo, que é diferente do relógio do teu país natal, quando as rotinas básicas de refeições, de socialização, de ritmos são contrastantes com os que estavas acostumado até aí. Os sabores, os cheiros, os costumes, a língua... tudo isso permite uma nova descoberta aos teus sentidos. E permite desarrumar, desassossegar o que tens por adquirido e assimilado.

E aí... perdes certezas, perdes padrões, perdes excessos, perdes apegos...e continuas a perder, a esvaziar, a simplificar... e percebes que não há nada a ganhar.

A jornada é de re-encontros. Reencontro com o essencial. E continuas a re-estruturar-te, subtraindo, simplificando, percebendo que as raízes, essas, tornam-se cada vez mais profundas e sólidas. Por onde quer que atravesse há sempre o que colher e sempre o que plantar... e TERRA que dá e recebe.

Então as raízes encontram sempre lugar e alimento para serem nutridas, neste grande vaso que é o planeta, cheio de nutrientes. ;)

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