O poder da decisão



Há decisões que nos alteram completamente as rotina, aliás rompem-na por completo. Há 3 anos atrás decidiu mudar de profissão e isso transformou radicalmente a sua forma de olhar para a estrutura e sistema linear do período laboral. E deu-lhe a autonomia e liberdade de poder gerir esse horário e agenda de acordo com a sua disponibilidade e preferência. Liberdade traz também responsabilidade e disciplina, algo já conhecido enquanto empresária. Mas agora podia respirar mais leve, pois tinha a seu cargo apenas o seu sustento e, não de toda uma equipa de colaboradores, estrutura e afins. E a verdade quando se toma uma decisão, espera-se o melhor, mas não há como adivinhar o que dali pode advir, é um caminho que precisa de ser trilhado para que se possa revelar. E quando mais elevado é o risco da decisão, mais análise se faz para tentar medir os riscos, há algum medo e insegurança associadas. Mas chega-se a um ponto de viragem na vida em que nada mais resta senão decidir avançar, romper e mudar e assumir o risco, sem fazer a mínima ideia de quais poderiam ser estes. É saltar o precipício.

E na jornada de 3 anos passou por vários estados, desde o não estar e não saber o suficiente, a timidez de se apresentar e assumir. O gerir a instabilidade dos ganhos com as despesas, o investir tudo na viagem, porque a ia enriquecer a si e no seu trabalho, e confiar que a vida a ia suportar. O investimento contínuo na formação. E olhar-se e ver que foram 3 anos de viagem dentro e fora, permitira-se encarar medos, desafiar-se, solidificar valores, jogar fora crenças limitantes, desenvolver-se e ser o exemplo das verdades que professa. Fez de si cobaia para experimentar as verdades, conceitos e provar que funcionam e têm utilidade. Arrancou várias vezes a pele gasta, permitiu-se transformar, sem saber que pessoa viria a seguir. Morreu tantas vezes para renascer com mais vitalidade e pureza.

Não, que esse caminho leve apenas 3 anos, tem sido toda a vida,  mas estes 3 anos significaram assumir-se na profissão que reflexa diretamente quem é e o que acredita e depositar toda a sua fé de que é possível viver, pondo em prática todos os talentos e vocação.

E agora chegamos a 2019 e tomara uma nova decisão, apostar no seu templo pessoal. Investir seriamente na saúde. E como lhe é característico, ela tem uma pancada qualquer por saltar de precipícios. Não há meios termos com ela, é tudo ou nada. E eis que dia 2 de janeiro decidiu após 15 anos de vício, Respirar AR PURO. Faz hoje exatamente 13 dias, respira ar limpo. Sem adesivos, nem substitutos, foi, simplesmente largar. O mês de dezembro tinha servido para os treinos de redução e preparação e levou todo o ano de 2018 a preparar a vontade, para que ela nascesse e viesse. Um dia de cada vez é o registo... como se fosse possível viver mais de um dia à vez. Juntou a esta decisão, o exercício físico e alimentação, como se largar o vício do cigarro fosse coisa pouca, havia que lhe juntar mais condimentos. E a verdade é que ela funciona bem com a novidade, com ter vários focos para se ocupar. Uma espécie de competição consigo mesma, de "Eu consigo prover-me". A caminhada ainda agora começou, mas há que celebrar cada passo, e do processo fazem parte não só as vitórias, mas os fracassos, o que se aprende das recaídas, das frustrações e como elas servem para empoderar os passos seguintes. E acima de tudo não há decisões acertadas, nem perfeitas. Decisões apenas, que quando acionadas têm um determinado tipo de resposta.


E há que decidir sempre, pois as decisões mantêm-nos em movimento, faz a vida circular e girar, traz novidade, traz aprendizagem. Tudo o que fica estático densifica, estagna. A dor, o sofrimento faz parte também do viver e não há como evitá-la, ela aparece-nos no caminho sempre que é importante aprender algo, parar, refletir. Tudo vem para nosso bem, ainda que possa vir mascarado de terror.

E o melhor é que a vida é sempre um presente por abrir, um doce mistério que se vai revelando à medida que caminhamos. E cabe-nos a nós olhar e co-criar o presente que queremos receber, se colorido e sorridente ou a preto e branco. Essa é a nossa liberdade e livre-arbítrio, escolher que realidade queremos criar, uma vez que somos os autores e co-criadores da nossa vida. ;)


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