Soltar



Há muito que sabia que tinha de soltar, deixar ir. 2019 assim se apresentou, com a vontade de renovar tudo, de querer jogar tudo fora. E pautadamente no decorrer dos meses foi largando, libertando roupas, objetos, memórias...

Hoje foi o momento de atacar a fundo aquela dispensa, à qual já tinha sacudido o pó e deixado ir algumas coisas. E deparou-se com o infindável número de coisas que guardara, que já não se lembrava sequer que tinha, arquivos de 11 anos de registos e papéis que guardava ali religiosamente, pois algum dia poderiam fazer falta. As cargas que se acumulam,  os pesos, o espaço entulhado, assim se seguem os passos sem se dar conta da tralha armazenada. Símbolos, metáforas que ocupam espaço físico e no inconsciente. UAU! A admiração da quantidade de sacos que foram para o lixo deixou-a estupefacta. Como acumulara tanto?

Parece difícil, mas tão fácil é, ir sobrepondo umas coisas às outras. A tralha que nos ocupa a mente, o corpo e o espaço. E quando ela sai, há um novo respirar, há espaço. Tudo fica maior e ganha uma nova perspetiva. E só nos damos conta que precisamos desse espaço quando o desocupamos. E quando começamos a desocupar queremos continuar a limpar, a soltar. E chego ao final do ano e aquela dispensa que era uma pedra no sapato foi limpa com uma rapidez incrível. Estava finalmente pronta para ser desocupada.

Há momentos em que se sente que a limpeza física ajuda à limpeza da mente, mas outros há em que se faz a limpeza primeiro a outro nível, tornando o processo físico mais fácil.

E que continue a soltar o que há para soltar, limpando os confins dos arquivos de memórias, emoções e padrões para que possa transformar e transformar-me.

Desapego. Desapego das identificações, referências, só assim posso caminhar livre no presente, passo a passo para o desconhecido, sem nada saber, nem querer saber, confiando na sabedoria divina da vida e permitir que ela me viva!


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