A rosa vermelha



Tinha um fascínio por rosas. Desde que se lembra as rosas sempre a fizeram parar para que contemplasse. No jardim perto da sua casa tem duas roseiras, uma de cor rosa e outra vermelha. E sempre que vai passear o cachorro vai espreitá-las. Sabe-lhe bem olhá-las e assistir ao seu crescimento e florir. De quando em vez pede-lhes se pode trazê-las para casa. Uma basta para florir o seu altar. E hoje foi a vermelha que quis vir.

A rosa tem o encanto da sobreposição de pétalas que se vão abrindo em espiral, formando uma mandala maravilhosa. Aliás como todas as flores marcadas por um centro que se abre com pétalas de todas as formas, feitios, tamanhos e cores.

É a metáfora perfeita que fala de nós humanos, somos flores sempre a desabrochar e a florir a emanar o nosso brilho e perfume. Temos dentro do nosso inconsciente e da imaginação jardins mágicos compostos de todo o tipo de natureza. E aí todo esses jardins são ricos em histórias e mensagens que contam como estamos, são as revelações que vêm iluminar a nossa consciência e guiar os passos do caminho.

Sem mas nem porquês, a linguagem vigente não é a da razão, é a linguagem das flores que se cumprem, se abrem e irradiam o seu perfume.E também nós humanos temos essa linguagem espontânea, o perfume que irradia e contagia.

Mas por algum motivo não aceitamos a magia da flor que somos. Gostaríamos de ser outra coisa, comparamos, guerreamos, competimos e ambicionamos em nos tornar outra coisa qualquer.

Enchemo-nos de conceitos, cursos, certificados, por só nos conseguirmos ver através de um reflexo de um espelho, ter uma ideia de como soa a nossa voz através de uma gravação. Claro está que a imagem só pode ser distorcida, esfumada. Procuras fora o que não consegues ver dentro, com a tua visão e escuta virada para o teu interior.

A chave que tanto buscas está bem guardada no teu interior à espera que abras a porta do teu sentir para escutar, ver e apreciar. Em relação e nas dinâmicas pões em comum, mostras-te e é-te devolvido como estás a vibrar.

E a rosa vermelha na sua beleza tem picos que apesar de ferirem quem toca, protegem-na, é algo que nasce com ela, a capacidade de se proteger assim como a beleza de florir e se abrir, espalhando o seu perfume pelos ares. Não precisa de uma razão para o fazer, cumpre apenas a sua função de existir e viver. E cada um de nós de nós traz o seu perfume e assinatura. Basta que possamos compartilhá-lo pelo ar e que ele possa direcionar-se para onde tiver de ir. Que siga o seu curso.

Que a vida te encontre a florir e possa contemplar e usufruir da tua beleza.

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