Finalmente conseguiu dar o seu banho de mar! Há semanas que essa vontade andava latente, mas ora chovia, ora fazia vento e frio e sempre surgiam as desculpas que deixavam para o dia seguinte. Mas hoje foi o dia. Tudo se aprontou para que fosse recebida de braços abertos. Mar calmo, temperatura amena, naquele final de tarde que proporcionou as condições ideais para ser abraçada pela areia quente, a água na temperatura ideal, como um dia de verão espetacular. E que alegria!
Como o simples é tão grandioso. É sentir-se bem recebida pela terra, pelo mar, pelo sol, pelo céu azul brilhante e o vento quente... e que abraço gigante recebido!
Menina de água de coração em corpo de mulher sem idade, em água que leva, água que traz. Água que lava e purifica, água que vitaliza, água que flui no pulsar de contração e expansão. Água sou. Água sagrada, que recebe e solta, que comunga e comunica a todo o instante.
O mar larga o seu lastro com as algas que traz até à rebentação, como se a purgar estivesse, e estamos nós também a largar a pele do que conhecíamos até aqui, a refletir, a tomar as primeiras conclusões sobre o que sucedeu e está sucedendo, a retomar em novos ritmos, a procurar o novo ritmo. Há uma nova quietude a pairar, ainda que o movimento comece a despontar, sente-se um despertar nos céus, mais brilhante, um novo sorriso, uma nova serenidade.
Assisto em contemplação. Absorvo esta energia maravilhosa presente nos céus, recarrego de alegria o coração e manifesto em cada encontro no dia a dia, em cada gesto comigo e com o outro.
Que o caminhar seja leve como a fofinhez da areia macia por baixo dos meus pés, o meu sentir fluido como a água que circula e as palavras cristalinas como o reflexo do sol no mar.
Abençoada sou por recordar o sagrado que sou e que comungo nesta terra que habito!
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