Natureza




Natureza provém da palavra latina "natura", futuro do verbo nasci, nascer - a força que gera, nascimento. Ordem ou sistema de leis que precedem a existência das coisas e a sucessão dos seres. O conjunto de todos os seres que compõem o universo. (in wikipedia)

Atualmente usamos a palavra natureza para descrever os cenários naturais de selvas, bosques, prados, campo, praia, rios, montanha, serra, barrocal. As plantas, animais, os elementos. E usamos a terminologia natureza para enquadrar e qualificar o natural, o que ainda não foi desvirginado pela mão humana.

 E o que é o nascimento senão o choque entre dois elementos o óvulo e o espermatozóide que leva à criação de um terceiro elemento, a vida que se prepara para nascer. E observo a natureza viva que está sempre em mutação, a passar por "choques" que levam a novas criações. "Sabemos" pelos estudos científicos que a Terra tem biliões de anos e que passou por tremendos impactos, choques que a permitiram que gerasse vida, contudo  entender a origem da vida aqui, ainda permanece um mistério para a ciência. Mas a vida é inegável, ela está presente em tudo, desde o mais minúsculo e invisível aos olhos ao grandioso, o seu ritmo é variável, pode manifestar-se por uma hora ou um milénio.

A diversidade é gigantesca e talvez ainda continue insondável, apesar de tantas pesquisas e estudos elaborados pelo Homem, numa tentativa de conhecer, catalogar e compreender o grande mistério.

Nós estamos na vida e mesmo assim não a conseguimos desvendar totalmente em nós, tantos corredores por explorar, como ter a pretensão de querer entender o todo lá fora? E se os impactos estão sempre a suceder, estaremos também constantemente a nascer, como a natureza em si mesma, será esse o significado de natureza, a forma que muda, que se transforma. Como a água do rio que corre, é deixá-la correr, acompanhar o fluxo, acolhê-lo como a parte que faz parte.

E se seguimos dissecando, racionalizando, inteletualizando, como ler o que está à frente dos olhos? Ou melhor dizendo dançar o ritmo da proposta que está sendo apresentada. Permitir que nos toque e que possamos tocar. Será esse o embate, o choque que temos que nos permitir momento a momento para que nos transforme. Para que desperte em nós a combustão, a chama que nos chama a avançar para o sucesso seguinte.

Tendemos a reparar nesses choques que sucedem a todo instante de forma subtil, apenas quando vêm com mais força e nos retiram do centro do nosso conforto. Quando desassossegam e entram em territórios novos. E natureza és, pelo que aceita a natureza de que és feito.

Arranjámos uma medida para quantificar o tempo em horas, minutos, segundos, dias, meses, anos e nessa objetivação sabemos que o tempo nos pode parecer mais rápido ou mais lento dependendo da atividade que estamos a desempenhar - um minuto de flexões pode parecer uma eternidade, um minuto para tomar banho pode parecer muito curto. Tudo depende da perceção do sujeito perante o que tem entre mãos. A vida tem um ritmo muito próprio e variável aos olhos de quem vive a experiência e de quem observa.

É interessante observar a vida a acontecer dentro e fora. O impulso espontâneo que me leva a beber água, a procurar a posição confortável na cadeira para acomodar o meu esqueleto. A flor que abre com a luz solar e que fecha quando anoitece. O cão que arranha a sua cama, para ajeitá-la, talvez, antes de se deitar. E de repente levanta-se vai comer e traz o osso para brincar.

É a espontaneidade da vida que acontece só porque sim, porque lhe apetece movimentar-se. E ora chove, com a melodia do vento a derramar as gotas de água na direção da janela, ora pára e instala-se o silêncio do vento que adormeceu.

É a natureza a acontecer. E ainda que abril já tenha passado, as águas mil continuam a agraciar-nos em maio. Estará mais viva a natureza este ano? A mostrar-se com toda a sua vivacidade nos seres nascidos ou os olhos mais despertos para reparar?

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