Reencontros bem temperados


Os reencontros têm sabor a sal. Estão bem temperados. Sei-te presente em mim, mas a tua magnificiência faz-me render sempre um pouco mais. Em ti descanso, em ti aprendo, em ti deixo ir a minha pele para que a laves e transmutes. Em ti sinto-me pequena e sinto-me grande. Levas-me sempre a partes desconhecidas e profundas do meu ser.

Relembras-me que nada controlo. E nesse estado, posso deixar-me ir, plena de mim. E fazes-me partidas a cada instante. Elevas o teu canto e o meu corpo estremece preparando-se para o embate e tu vens, encostando-te de fininho, acaraciando-me. E outras vezes aproximas-te silencioso e inundas-me, achocalhando todo o corpo que se quer manter direito, mas não tem como. E assim estás tu. À escuta querendo adivinhar o movimento seguinte, e aí, já foste. Estás tentando controlar numa tentativa de reduzir os embates. E observas a mente trapaceira, que tenta impor-se por qualquer brecha.

E voltas para dentro... mais dentro e tudo perde importância. E já não és o corpo, já não és mente, és Ele a dançar no movimento. E por fim já não se trata da relação Eu e Tu, mas da fusão e comunhão que sucede. A gota e o oceano encontram-se.

Regressas a ti, mas esse encontro transformou-te, ainda que aparentemente mantenhas a mesma forma. Há sempre algo que se entrega e algo que se recebe.

Não importa o quê, nem definir-te, apenas permitir o que É! O presente do indicativo, que indica o que é, aqui, agora.

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