Tomo-me a mim mesma


Este é um termo muito usado nas Constelações Familiares. Tomar a mãe e o pai. O mesmo será dizer receber a mãe e o pai exatamente como são, com o que deram e souberam. A maior dádiva foi darem-nos a Vida. Apesar de todas as dificuldades e constrangimentos, das suas histórias e percurso deram-nos a vida e devemos recebê-la. E esse receber implicar aceitar como foi sem nada a acrescentar ou subtrair. Uma vida pode não ser suficiente para que tomemos a 100% os nossos progenitores, pois a mente complexa, as cargas de toda uma linhagem estão impregnadas nas nossas células, padrões e tanto inconsciente. Que só no desenrolar nas dinâmicas e dos desafios vamos tendo a oportunidade de nos dar conta e integrar. Mas não que essa seja a meta ou objetivo, pois não há nenhum prémio a ganhar no fim.

O propósito é estar em alegria e harmonia em cada dia e no viver nesta dança de equilíbrios e poder desfrutar do desequilíbrio e do equilíbrio com alegria no coração. Nada é mau ou bom, apenas experiências por explorar.

E depois de um fim de semana intenso de atividade hoje era dia de aquietar e dar-se o merecido descanso. Era tempo de se tomar a si mesma. De se receber, cuidar e mimar. Fazia parte da dança de expansão e contração. De comunicar e de silenciar. 

Olhar para dentro e receber-se a si mesma por inteiro era também uma tarefa evolutiva. Sabia a cada dia que passava se tomava com mais amor pelo ser que era. Mas também coabitavam contradições que se iam mostrando para que as pudesse reconciliar, integrar e aceitar.

E claro que tomar a mãe e o pai e toda a linhagem ancestral são formas de se tomar a si mesma. Mas o foco dentro equilibra o fora. Tudo é vibração e elevas a tua vibração e o entorno altera-se. E esta linguagem parece tão subjetiva e abstrata. Daí as muletas externas, as dinâmicas relacionais com a existência para que se possa dar conta como respondes, como lidas com os teus próprios movimentos e sensações. São os guiões, o cenário, os personagens que vão criando as estórias.

Mas as muletas também podem ser as prisões onde te agarras para justificar o que te acontece. A culpa é dos astros, dos planetas, das energias do momento, daquelas pessoas que vieram destabilizar, dos acontecimentos que vieram desassossegar. Como se estivesse fora de ti e não estivesse relacionado contigo. Tem de haver um "Culpado" para que continue a demitir-me da responsabilidade de mim.

E tomares-te a ti mesmo não é jogar fora as partes que consideras más ou feias de ti, é incluir todas as partes, é reunir, é aceitar que és todo esse movimento. Que não és estático, estás a aprender, em evolução. Não queiras definir-te, apenas amar e aceitar que és um ser sagrado e que tens a dádiva da vida em ti, com tudo o que implica. Com respeito profundo pela vida que és e te habita.

Só por hoje tomo-me a mim mesma, mais um copo cheio de mim, bebo-o como uma água viva e saborosa que me nutre, sustenta e revitaliza. E venham mais copos para que apanhe uma bebedeira permanente deste ser maravilhoso que SOU!

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