Continência


Foi a palavra de ordem do dia que lhe saiu da boca... acho que queria dizer contigência... ups! O nosso inconsciente leva-nos para os sons, as palavras que ele lá sabe e identifica. Fala-nos da história que levamos dentro.

E se achas que transportas apenas a da tua vida desde que nasceste... recordo-te que tens 50% do ADN da tua mãe e 50% do teu pai. E toda a herança do teu sistema familiar está gravada nas tuas células, no teu SER. E ao longo da jornada e do caminho vais dando-te conta das prisões que levas dentro, dos condicionamentos, das memórias, da força e vitalidade e vais ceifando e seleccionando o que já não faz falta, o que já se cumpriu, com as lições recolhidas e vais seguindo aprendendo.

E hoje a continência leva-me para o regime militar, para o prestar continência às autoridades. O racionamento, as histórias que a avó me contava, da comida racionada para as famílias, a carne que só se comia uma vez por semana. E muita sorte tinha ela porque vivia na Mina de São Domingos e na altura explorada por ingleses, ali não havia fome como noutros sítios.

E a memória do coletivo desperta para as heranças de família que leva dentro, quer se recorde das histórias contadas, quer não. As nossas células contam as histórias da fome, da guerra, do contrabandismo, dos escondido, do julgamento, da religião, das guerras territoriais, das guilhotinas, das fogueiras. Das vozes que tinham de se calar para não sofrer represálias.

É inconsciente.... sim!

E o que desperta em cada um? Instintos primários de sobrevivência estão cá e perante um perigo subjacente atacamos, fugimos ou congelamos. É instintivo.

E todos estamos a receber um convite a despertar, para Olhar para Dentro e para soltar o que nos aprisiona. E em caso de dúvida... toma lá a máscara, coloca-a. E prolongamos o uso para ver até quando resistes e persistes em estar no mesmo lugar. Qual o teu limite?

Falo de máscara, como metáfora literal, "estão-te a tapar a boca" para que cales, engulas e não te expresses.

E faz mais uma contigência, mão na testa e bate perna e pé no outro pé. A quem prestas tu vassalagem?

Não estamos a falar das medidas do Governo, de saúde pública, do certo e do errado. Estamos a falar de ti. Quem está a representar o governo no teu sistema familiar? E o sistema nacional de saúde?  

Parece complexo? Mais complexo, quanto mais longe de ti estiveres e achares que tu és uma coisa e os outros outra.

Então, mas eu sou cumpridor das regras, por mim e pela saúde dos outros, porque a minha liberdade termina quando começa a do outro, e cuido de mim e dos outros. E aparentemente, os outros até assumem um papel mais importante do que eu... os pais, avós, os filhos, a segurança dos entes queridos, familiares passam a ser a minha prioridade.

Então se Eu sou Tu e Tu és Eu não há diferença entre os Outros e Eu. Porquê dizer "não é por mim, é pelos outros", como se me excluísse da equação. E afirmar e assumir a minha posição, seja ela qual for.

A quem presto eu contigência?! De quem busco validação e sentir pertença? Quero tanto que me aprovem e validem e me reconheçam, como o/a Bom/ Boa.

Como esperar coerência de fora, se somos o primeiro exemplo de incoerência. Tanta confusão que transportamos que obviamente o que recolhemos é nublado... e na verdade queremos Claridade.

Há que prestar continência sim. Ao ser que de habita. Confiar na sua verdade, na consciência que sabe e atua com o coração. Silenciar para que haja espaço e a clareza possa emergir.

Fala-se de vírus. Falo de verdade... a tremenda oportunidade de verdade, de destapar de memórias, de bloqueios, de medos que se estão a mostrar para serem olhados, acolhidos e dissipados.

O Governo é a autoridade, a representação do Pai no sistema, como o acolhes e o sistema nacional de saúde que operacionaliza e manifesta as ordens de cima, será a representação da Mãe. É uma proposta para olhares para o sistema dessa forma e sentires como te toca, como o recebes, o que te provoca? 

E poder incluir mais um pouco e escolher como quer olhar, como quero tomar-me. Como quero ser Pai e Mãe de Mim Mesm@?!

 É preciso coragem para denunciar-me e humildade para olhar, incluir, aceitar e amar. 

Re-unir é o processo de me tornar mais íntegra, mais em mim e poder responder à Vida conVIDA e COração e ser CurAção.


E tu a quem queres prestar continência?











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