O movimento das águas... purificam


 

Já há muitos anos que queria mudar aquele contrato e assumir o seu nome, como a responsável por aquela água que consumia. E sempre que perguntava o que era necessário para a mudança ficava cansada e nem sequer tentava. Mas este ano algo mudou na sua posição. Estava determinada a alterar o nome e a remexer onde ninguém queria tocar.

E os temas esses surgem como confetis...a saltar no ar e por todos os lados. Família, raízes, jogos de poder, autoridade, burocracia, justiça, zanga, irritação, equilíbrio, imaginação, criatividade, jogo de cintura, respiração... muita, resiliência, paciência.

Remexer no que está bem guardado e empilhado na dispensa e nas arrecadações das memórias, pois claro está, que faz barulho e desperta o caos. Mas ela não percebe, pois que gosta da Ordem e da transparência. Não entende os filmes que não lhe pertencem, o que lhe parece simples é complexo para o outro. E a sua zanga de ter de respeitar o filme do outro e de sentir de mãos e pés atados, por não se conseguir mexer. E estratega pensa em alternativas, como dar voltas às voltas e pede ajuda e sobe paredes. O impossível somos nós, e o outro sou eu. Quero-me tornar possível... teimosia?! determinação?! as barreiras são ténues. E tanta vontade de jogar a toalha ao chão, de "quero que se fod...a. Tanta coisa pela mudança de um nome?! Parece ridículo.

Talvez... mas tudo se resume à ação e o que ela desencadeia. O importante e o não importante é designado pela repartição do nosso ego, que gosta de categorizar e compartimentar. 

E esta ação desencadeou nela tanta coisa... ressuscitou mortos. O confronto com a autoridade família e autoridade do sistema social. Na família, a firmeza da sua vontade fez mexer e quando achava que não iria conseguir nada e já nos planos alternativos, eis que surge o material necessário. No sistema social no meio do exagero da burocracia e do desespero de não conseguir soluções e de propor uma nova opção, lá recebe uma sugestão útil para contornar a situação. A ver vamos....

Mas mais do que o desfecho de toda a história, o sentimento de impotência veio assolar-lhe. De querer avançar e de sentir o travão, de se sentir incompreendida, desapoiada. E levar a reprimenda da família por estar a mexer onde "supostamente" não faz sentido mexer. E claro que se coloca em causa, tudo por causa de um nome?! E a medição de forças, quando tudo o que menos gosta é de entrar em conflito e faz de tudo para evitar um.

Vida sábia esta... que a a descasca e a faz mexer dentro e fora, vir para fora a sua vulnerabilidade. A criança que quer chorar e que diz assim já não brinco, não quero. A contrariedade junto com a injustiça fá-la ficar com a voz tremida e o choro latente. De sentir que as portas são fechadas sem aparente solução. E para juntar à festa os gritos que chegam por não atender aquela chamada, e o outro que está à espera e o telefone que não é atendido. E atordoada... percebe que não é pessoal, ainda que zangada se sinta, frágil e injustiçada. Ninguém a vê! Não a entendem... e sente-se numa batalha que só ela entende, ninguém a apoia.

E interessante que as Batalhas falam sempre d@ Própri@. Onde sinto que ainda não Existo? É de uma mudança de nome que se fala... podia ser outra coisa qualquer. Mas não deixa de ser simbólico. Assumir o nome. É assumir a presença, a autoridade, a responsabilidade por algo, pela Vida. As metáforas. E aí vai... guerreira, olhando para si. Onde se esconde ainda? Onde não se assume? Onde não se lidera? Onde quer que o exterior lhe dê o colo que ela ainda não se dá?

Assumir a força que se é. O brilho, o poder é um caminho. Um caminho diário, que se atravessa nestas lidas rotineiras domésticas, trabalho, relação. E onde para não incomodar me incomodo o bastante?

Assumir a presença, que se existe, que se ocupa espaço, que se tem uma Voz, uma Vontade,  Valor e Verdade e que estamos e Vamos.

E os símbolos são tão ricos... a Água que é símbolo de Vida, Memórias, Emoções e Purificação. Podia ser outra coisa, mas não seria o mesmo. 

E ainda que esperneie e estrabuche como não deliciar-se com a Dádiva que é a Vida... a grande escola a  em todo e qualquer lugar a toda a hora e instante.



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