Sem vergonha

 


Sem vergonha! Diz ela, envergonhada pela falta de vergonha da outra....

Como é possível tanta vergonha numa só frase ahhhh.... Afinal do que fala a vergonha?

É o sentimento intensamente doloroso ou a experiência de acreditar que somos defeituosos, logo indignos de Amor e Aceitação pelos demais. Fala também do medo da falta de conexão, de perder o vínculo com alguém.

A história do Patinho Feio que por se sentir diferente da sua tribo se sentia desconetado e desvalorizado. Sim, precisamos de nos sentir vinculados e aceites e faremos tudo para garantir que tal suceda.

Sentir vergonha é achar que se é má, defeituosa... ela corrói a nossa coragem e promove o isolamento. Ela pode causar dor e sofrimento. Porque te separa, te faz sentir diferente e ao acreditares nisso, torna-se real.

Todos temos vergonha dentro de nós, em diferentes níveis e em relação a temas diferentes. Mas todos conhecemos esta emoção. E quanto mais a escondemos de nós e dos outros, mais camuflada e inacessível vive dentro de nós.

É preciso coragem e ousar falar das emoções que nos tocam, das dores, das feridas.... isso é permitir ser-se vulnerável. A coragem de aparecer e deixar que me vejam. De me permitir sentir, arriscar e expor-me à incerteza da vida.

Como diz Brené Brown, no livro "A coragem de ser imperfeito" - "A vulnerabilidade é a grande ousadia da vida". E nada tem a ver com fraqueza. Ser vulnerável é render-se à vida, permitir-se que ela nos viva, de coração aberto à incerteza que é o movimento e o fluxo da vida. Cabe-nos ir apanhando as ondas e respondendo ao que ela traz com honestidade e verdade do que emerge do nosso sentir.

Só assim vamos conhecendo o ser que mora cá dentro deste corpo e percebendo como ele funciona, identificamos, mas não nos definimos com o que se revela.

Recordo-me de na minha jornada de encontro a mim, ter tantas imagens e revelações e cores nas minhas meditações e querer encontrar as explicações e as definições... e de me deslumbrar com tanta informação recebida. E depois passar por momentos de ausência total de informação e achar que desconetada estava. E a seguir encontrar-me com o silêncio, o escuro, a ausência, o nada. E se no início me pareceu assustador... depois pude descansar.

Não queiras ser nada e poderás ser tudo. E hoje ouço esta frase num vídeo de Joan Garriga a citar outro autor que não recordo "quando olhares para dentro e não encontrares nada, essa é a sabedoria e quando olhares para fora e vires o todo, isso é Amor."

E recordei-me que há 2 anos atrás quis trabalhar o Todo. WOW! Foi uma viagem...uma intensidade que de repente chamei para mim para que pudesse trabalhar. Claro que a viagem essa continua sempre... onde não puderes Amar, demora-te para que possas crescer e Amar-te melhor.

A vergonha fala de resiliência, de auto-aceitação e auto-valorização e empatia. E quanto mais me recebo e me valorizo, mais me permito sanar da biografia e biologia que carrego nas minhas células e mais acordo as partes adormecidas para que possam ser curadas. É tudo acerca de mim, do EU, das narrativas que me conto e acredito inconsciente e conscientemente e que vivo na pele seja pela história que protagonizo sejam pelas que atraio.

E as ótimas notícias à medida que vou crescendo dentro em sabedoria e amor por mim, mais aceito e valorizo o que está fora. Essa é dança da vida real, da Empatia, da capacidade de nos CO-movermos com os outros e AMar mais, porque nos reconhecemos também. 


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