As viagens na minha terra em tempos de Liberdade


 

As viagens na minha terra são feitas de partículas que me encontram, me desfazem e refazem.

Diz a astrologia que tenho lua em sagitário no mapa progredido, na casa 4 desde janeiro de 2020. E  quis este ano confinar e restringir a malta às viagens, ou pelo menos apresentando novos formatos e condições.

Não que ela soubesse, ou melhor, apenas em maio, quando o astrólogo lhe dera essa preciosa informação da lua progredida em sagitário. E já ela em janeiro se tinha aventurado pelas terras da Europa do Leste, Budapeste. E iniciado também em janeiro uma formação de média duração em território espanhol, Sevilha. E como os símbolos, os arquétipos ainda que morem no nosso inconsciente movem a nossa ação, querem-se cumprir. A consciência amplia-nos o olhar, para que possamos incluir, acercar-nos de qualquer tipo de entendimento, já que a mente é demasiado pequena para navegar nas infindáveis terras do inconsciente. 

E aí estava ela a cumprir a Lua que fala das necessidades emocionais em Sagitário, o signo da busca da Verdade, das Viagens, da Fé. E tantas viagens este ano lhe tem proporcionado dentro da sua casa, em sentido literal, e não estivesse a lua na casa 4, que fala da casa, família, raízes. 

Na quarentena viajou ao deserto do Sahara com a imaginação e todo o seu ser. Tinha um retiro programado nessa altura para Marrocos que resolveu acontecer para além dos limites do espaço e do tempo. As galáxias, e a história da vida no planeta terra resolveu-lhe entrar pela porta adentro através do National Geographic assim como a Coreia do Norte. 

E como se não bastasse viajou dentro de portas, para cidades ainda não conhecidas, encontrando novas pessoas, família por conhecer. Atravessou fronteiras físicas através do online e barreiras da mente, mandou abaixo tantos bloqueios e isso abriu-a a novos horizontes, a esvaziar-se e a encher-se. 

A colher a força do subtil. A reforçar a fé através da sua transformação vivida na pele. A percorrer novos caminhos, a encarar monstros de papel e do imaginário e a transformá-los em aliados e forças. A confiar mais em ir, sem querer saber porque ir. A deixar-se ser guiada e a desfrutar do caminho.

Abraçar o que se mostra, sem nada querer, obedecer às cartas que no caminho vão sendo lançadas. E eis que me entram  literalmente casa a dentro uma turca, a Beste e uma polaca, a Ewa. Uma morena e outra loura, ambas de 25 anos, uma peixes e outra escorpião. Haja água em casa de carangueja :P 

Porque os símbolos falam, deixemos que se expressem. Ambos os países Turquia e Polónia carregam a história de guerra pela independência e invasão. A guerra de independência turca que conheceu várias frentes com diversos países, teve o tratado de paz em 1922. Já a Polónia foi invadida na segunda guerra mundial, passando por revoluções ainda em 1989. Falamos de uma história ainda muito recente onde a privação da liberdade, a invasão, o controlo e o poder político e militar e ditatorial fazem parte do quotidiano.

E os países falam de memórias, de uma história, passado e têm uma carga que carregamos nos nossos genes para onde quer que possamos ir. 

E num momento em que o tema "LIBERDADE" vem à rua mascarada literalmente por este tema de CoronaVida assistir a estas meninas viajeiras que saíram das suas casas para se aventurarem em projetos de voluntariado aqui neste cantinho plantado à beira mar. Tive a oportunidade de as acolher cá em casa, conhecer as suas histórias, a sua visão de vida. Não importa o tempo, isso é só mais uma forma de querermos contabilizar e compartimentar o que não é possível na mente humana pequena.... os abraços, as sensações, as emoções, a energia dos sonhos, das experiências vividas e da vontade genuína de querer contribuir, amar e avançar para o seu próprio destino.

Estas duas energias mostraram-me a energia Pura da Vida, da aventura de seguir a conhecer esta terra que parece tão grande e é tão vizinha. Os encontros do semelhante em culturas tão distintas, os afectos, a humanidade, as hospitalidade. E levaram-me para a Nova Zelândia, para a Indonésia, para a Noruega, o espiríto viajeiro que confia nas portas abertas, nas causalidades, nas coincidências felizes, na partilha de coração aberto. Nas lágrimas de felicidade. Na abertura de mentes, na quebra de preconceitos... é preciso tantas vezes sair fora de casa para encontrar a liberdade e a casa dentro.

Palavras não descrevem a imensidão que recebi destas duas jovens, o contágio que me deixaram dentro pela sua ousadia, coragem e abertura. Obrigada muito Beste e Ewa por me acrescentarem tanto :)

E quem me diria a mim, sem sair de casa estaria a cumprir tão bem esta lua viajeira, a conhecer novas terras dentro da minha terra.

E se somos microcosmos levo dentro a minha terra, água, fogo e ar. 

E deixo-me a pergunta, como está a minha terra?

Acabou de ser lavrada, remexida, ampliada e adubada de fertilizantes puros e ricos em nutrientes. A fortalecer-se.

E como anda a tua Terra?

O ano ainda não acabou... por isso a terra segue sendo alimentada. Mas já há uns dias que vinha sentindo esta vontade de contemplar estas viagens e hoje foi o dia de escrevê-las.

A liberdade é algo que levamos dentro, no nosso coração,  mente,  pensamentos, emoções e ações, assim como a terra que levas dentro. 

Não há nenhuma regra, nem prisão exterior que te possa retirar o teu tesouro mais sagrado, a essência do teu ser. E se te puserem paredes na frente, desenha janelas com as paisagens mais coloridas que o teu imaginário te der.


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