Des-envolver


 

Que cortes são necessários para que te envolvas contigo? Isso é desenvolver, cortar as amarras que nos aprisionam. 

Gosto quando as palavras se desdobram e continuam a revelar significados. Para que evoluas precisas voltar a ti. Isso é envolver, misturar com ternura todos os ingredientes para que a textura fique macia e fofa como as claras em castelo na mousse de chocolate.

A gestação e a vida está intrinsecamente ligada à força da Grande Mãe, que fecunda e gera a vida pacientemente até ao momento do nascimento. O primeiro corte é gerado pelo cordão umbilical. Mas ainda assim toda a ligação de sobrevivência é mantida nos primeiros meses de vida. É a primeira grande referência e espelho. A mãe. E a pouco e pouco o des-envolvimento vai pedindo que as amarras sejam libertas, mas as referências essas perseguem-nos e persistem até que vamos tendo coragem para olhá-las, inclui-las, para que a seguir se possa desvincular e seguir avançando na vida própria.

Parece fácil? 

São tantas as implicações e lealdades que mantemos por amor aos nossos... E tantas tão inconscientes. E mantemo-las por complementaridade ou oposição. E aquilo que negamos resistimos, e nessa resistência persistimos com padrões doentios.

O que critico aproxima-se de mim. O que julgo fala de mim. O que recuso grita para que possa incluir.

Quão diferente me acho dos meus... digo eu com orgulho, por ter conseguido tecer uma teia nova. São as ilusões construídas na mente pela rebeldia de ter-se comportado por oposição. Para que possas desenvolver há que ver onde estão as amarras. Só assim poderá haver o corte.

Onde repito os padrões?

Reclamo do secretismo que existe na minha família e tenho também tantos segredos? Critico o espírito de sacrifício e de sofrimento vivido na família como uma forma de redenção e onde também estou agarrada a dores que não me pertencem? Revolto-me por ver a família a cuidar exageradamente dos outros, a dar, dar numa generosidade desmedida e onde não me dou prioridade a mim também? Onde fujo da dependência emocional familiar e que dependências cultivo na minha vida? Sufoca-me o controlo e proteção exagerada da família e onde estou também eu a controlar tudo o que está à minha volta? Reclamo da ausência da família e onde sou também eu ausente de mim?

And so on, so on.... Faz o teste do que criticas, reclamas e queres escapar de padrões familiares e onde os repetes de formas novas e criativas... eh eh eh? 

E o que fazer com estes nós? Em primeiro lugar olhá-los, incluir que também estas partes moram em nós. E a seguir perguntar que papel, função estão a cumprir em nós... para que com agradecimento e amor possamos ir soltando as amarras. E seguir leves, soltos para a Festa da VIDA! 

Para pertencer não precisamos de repetir o sistema, apenas entendê-lo, incluir e amá-lo. 

Avançar, é saber, que a nossa história é a melhor história de amor que podíamos ter tido. E que possamos construir o novo em liberdade de poder ser o que o nosso SER tem vontade de manifestar.

E te envolvas de ti, ser sagrado e maravilhoso!

Sigo aprendendo :)


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