Desperta Criador@

Créditos de fotografia: Mauro Rodrigues

Make up: Telma Ramires


Andava esquecida! E não se dava conta de quão esquecida andava de si. Como era possível? Questionava-se... ela, sonhadora, entusiasta, sempre a inventar e a reinventar. Como se esquecera da Origem, do Entusiasmo, da sua força motriz que rompe, rasga e avança só porque sim. É a sua força, é o fogo, é a arte de criar, de extravasar, de se expressar, só porque sim. É poesia, é dança, é corpo, é tela, é cor, é loucura, é gargalhada e é música que chora, que explode e que vibra por dentro e fora.

As rotinas, a disciplina embaciava-lhe as cores, turvava-lhe a vista.... sempre que se encaixava, que definia quebrava por dentro. E sem se dar conta começara a desembrulhar-se. Um grito, de uma nova nota musical se soltara na sua expressão e dava por si a renascer. 

Uma nova chama a chamava. A chama da criação, precisava de criar. E como a música lhe chamava, e acordava todas as suas células. E a sua voz sorridente chamava-a cada vez mais alto. SONHA! Recorda-te como as cores pintam a tela, se misturam, se fundem, como o corpo canta com os seus movimentos, como a música dança no coração, na mente e te fazem mover as mãos e os pés. E já não paras, e as palavras circulam no papel, na voz e tudo é expressão a sair. 

E só resta caminhar, caminhar bailando no baile da alegria que é viver, reviver, e viver. Pulsando, pulsando no pulsar de contrair e expandir. Recebo, dou, recebo, dou. Dentro, fora, Fecha, abre, fecha, abre.

São os toques que tocam, que animam.

Tempo. Ah... tempo que se abre, se expande, se esgota e marca o compasso na lineridade do dia que segue para dar lugar à noite.

Tempo!

Diz que é para recolher. E que a Liberdade agora é Importante. Aliás, saiu à rua para dizer, estou aqui.

E tu achando que estás agora enjaulad@, descobres que finalmente esta é a tua Oportunidade de descobrires a Liberdade. Que pres@ estavas. 

Dentro das formas que te impuseste, das identificações e amarras que te colocaste sem saber. 

E agora? 

E agora tiraram-te a venda dos olhos para que podes ver. E já que vês... possas reparar.

E se te colocam uma máscara física para te inibir a expressão. Repara. Que inibições a máscara te revela? Que prisões sentes ou quão confortável te sentes na prisão figurada/ literal que te puseram?

Que açaimes escondem a tua revolta, ira, vontade, garra, ação?! Cão que ladra não morde, diz o ditado. E tão calados temos andado... será que mordemos?!

Tempo! Agora há tempo para recolher. Quanto tem o tempo, pergunta o tempo ao tempo que se quer ir temperano.

Porque só temos esta vida, neste corpo. E ela pede para ser vivida e quanto do tempo que se esgota passa por nós... sem que o gozemos e o aproveitemos no preciso momento em que ocorre. Estando lá, inteiramente lá, sem querer ir a outro lugar?!

Ainda estás esquecida? Estamos esquecidos...

É tempo já! Desperta. Despertemos para Sonhar. 

Diz que somos feitos desse tecido de que são feitos os sonhos. Os sonhos perseguem-nos, eles querem-se manifestar.... estão só à espera que lhes dês permissão.

Permissão para contactar com eles. Eles estão aí, no âmago do teu ser. Ele busca perdidamente a plenitude, a totalidade, a conexão com o Amor. Amor por ti, pelo todo. Chamemos-lhe comunhão, comungar, comunidade, comum, inteiro. A reunião da humanidade.

Sem fronteiras, sem barreiras, no encontro com o grande oceano. Aí podemos descansar. 

Vamos tendo vislumbres desse grande oceano e ligação. Chama-se reverberar com a tua chama, nas causalidades, nas sincronias, nos encontros de almas que dizem sim, se complementam e dançam com a linguagem do coração... expressam palavras, mas bem podiam expressar silêncios pois é a mesma coisa. E precisamos sem precisar. Pois como precisar do que já É e Está?!

Tenho-me, sou-me. Pulsar, tambor, música. Liberdade para além do tempo e espaço.

Chamo-lhe AMor, podia chamar-lhe apenas PULSAR.

VIDA! CRiAÇÃO.

Mais um véu caía. Começava a recordar... e a criar o sonho. 



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