Décimo dia


 

Não saber... e estar nesse espaço é entrar num contacto por lugares desconhecidos. Permitir que as emoções que emergem daí tenham espaço para se manifestar.

Estar neste grande sistema e campo que é a vida é estar nesse vazio. Acolher o que vem sem querer alterar o curso natural do que vem. E nesta desconstrução permitir que sejas destruído, devastado de qualquer ideia, crença que poderias ter acerca de ti, da vida e inclusive das experiências vividas e colecionadas.

O vazio é esse grande espaço sem esquinas, janelas, paredes ou portas que te submerge e te faz ir encarar os espaços que moram em ti e o ser que ÉS.

Quem te disse que és o que levas dentro, a tua genealogia, a tua biografia? Tantas definições que te encerram dentro de prisões que desconheces ter.

E se te perguntam qual o propósito, o que vens cá fazer?

Como se tivesses escolha. Não escolhes nascer, ser cuidado por quem foste, desenvolveste, cresceste e continuas a envelhecer sem que tenhas qualquer controlo sobre isso. É a tua natureza, semente.

E diz que hoje é dia 10, estaremos pois em outubro, mês também de colheitas. Colher o semeado, e o outono continua a deixar cair as folhas gastas, a natureza a tecer lentamente a morte de um ciclo, a tornar as noites mais longas para que também nós possamos descansar a vista de tanta luz e recolher aos confins do nosso ser.

 Astrologicamente é a casa 10 de capricórnio que se posiciona como o lugar que ocupo no mundo.  Qual a minha voz na ação (voca-ação). E a estrutura pede concretização, para que a matéria se torne compacta, visível, partilhável no campo dos sentidos.

E haja alinhamento com as motivações. O que a fazia mover? A vontade de se realizar, de procurar usufruir o máximo da vida. Sintonizava-se, sentia-se e quanta dança tinha dentro. Quantos sorrisos, alegria, amor tinha dentro de si para si e para espalhar por aí. Queria amar o mundo inteiro e não amar ninguém.... queria libertar-se dos apegos, e pregos que lhe puseram, para que pudesse amar sem limites, desapegada. E desfrutar da liberdade de SER.

A sua única missão era ajudar-se a si mesma, para que se pudesse libertar das amarras que se colocava a si, mesmo que não se desse conta delas. E se isso poderia parecer egoísta e muito pouco altruísta.... também isso eram amarras... as sociais que nos enjaularam com verdades reducionistas de que não há espaço para existires, que tens de aglomerar e fazer rebanho, e vamos lá todos cuidar dos quadrados uns dos outros e salvar o mundo, a terra, da destruição que lhe causamos. E assim entretidos no ruído exterior, esqueces de olhar para ti. E caminhar nos teus pés, na tua experiência... esse é o verdadeiro contributo que podes dar aos que te rodeiam, a tua energia, a tua vibe, a tua emanação. O que sai de ti, sem que tenhas essa intencionalidade.

O mais puro de ti é  o Amor que te dás e sentes por ti. E se isso é egoísmo, estou afincadamente a trabalhar nele para que seja mais amor e me habite.  Uma rosa não tem como não impregnar o vento com o seu perfume... e ele naturalmente o espalha.



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