Não me dou por aceite e definida




E continuo a des-pedir-me. Que pedir é também um vício. Talvez por nos termos habituado a ser cuidados, a pedir quando tínhamos fome e sede... e amamentação já ficou lá atrás, e quão gravada está na memória. Já não te peço nada. Foi suficiente o que recebi. Não me deves nada.

E sempre que esta consciência vem, a-prendo. Tomo, incorporo algo. E se tomo algo novo, vou ampliando a visão, alargando a capacidade de compreensão e aceitação.

Contudo, não me dou por aceite e definida, quero continuar a perguntar-me para que os horizontes possam abrir-se cada vez mais.

E hoje fiz um especial pedido.

Tinha tanta coisa para partilhar, a informação vinha surgindo de todos os lados em momentos vários. Como me surpreendo, com as palavras que me saem da boca, as reflexões tão óbvias, tão simples, tão ricas. As ligações elétricas neuronais rejubilam-se no mapa cósmico que se acende dentro... hoje devo ter tido um céu estrelado cá dentro com direito a chuva de estrelas. Bonita imagem esta... ao som da orquestra de de violino in D Major, Op. 61 - II. Larghetto, de Beethoven.  Não podia ter pedido diferente, é a vida a acontecer na sua espontaneidade e por aqui eu a recebê-la, como a melhor surpresa e presente, aqui e agora.

Esse tinha sido o pedido. Estar recetiva, entregue, enraizada para que o fluxo de vida me atravessasse e pudesse transmitir e receber. E a todo o momento mensagens fantásticas emergiam, estrelas incandescentes a brilharem o caminho. E eu a ter que deixá-las passar, sem as querer reter ou conter.

E chegar ali, àqueles momentos Live, no completo vazio e esperar que as palavras pudessem surgir, a intenção de passar a mensagem pudesse surgir sem a tensão da mente que quer ter certeza que passa toda a informação e que cumpre o propósito inicial, que a levara a tal iniciativa.

E se nos primeiros minutos se sintonizava, rapidamente se esquecia da mente outras lá lhe vinha os vislumbres de foca nos pontos, para logo a seguir se embrenhar na dança e dançar sem destino e nesse desfrute e deleite lá lhe vinha a mente perguntar para onde vais, que caminho é esse que segues, o que vai sair daí?

E dizia-lhe baixinho... confia! Estamos a ser conduzidos pelo grande maestro. Confia! Aprende, desliza, flui com o movimento, com os passos, com o ritmo e sonoridade.

A energia eleva. E se ela te abre e te eleva... imagina o que pode fazer a quem está perto e se deixa contagiar por ela.

Podes pensar que desafinas, e que o teu canto não encanta. Mas a voz não serve só para cantar músicas... da tua voz saem melodias, poemas, vibração, cores e tons.

Energia. 

Simples assim... continuamos a pôr adornos, e descrições para detalhar a qualidade, a espessura e forma ao subtil. Também isso é poesia. Também isso é música. E cada um é tocado por distintas melodias, em tempos e espaços distintos. 

E se tantas vezes me deliciam as melodias instrumentais de piano, violino e guitarra, sem mais nenhum acréscimo ou adenda... outras vezes os meus ouvidos, a minha alma pede-me salsa, fado, e tambor, e samba e techno.

Todas as doses de energia nas mais variadas formas que assumem vêm despertar e acordar os acordes que precisam de ser afinados. 

E o sentido de humor do Pai, do Cosmos, do Grande Espírito é brilhante. Troca as voltas às voltas. E o que aparentemente falhou, deu errado correu mal é o mais acertado para te afinar, para te devolver a um novo olhar sobre ti mesm@. 

Afinal... recordas?! Pediste rendição. De estar no momento, à espera de ser guiada de poderes aprender no campo, no sistema, com o sistema, sem intenção, fazer a tua parte e esperar o que surja. E aí estás no campo físico e no campo subtil e o campo sensorial alarga-se para captar mais sensações. 

E tudo ocupa o seu lugar. O devido lugar. Não o da tua expetativa, não do teu ideal. Não do certinho. Não o que é suposto. Não o que tu achas que é suposto, e devido. E tu confias. Porque sabes que será entregue o necessário, a cada um. E que a energia é brincalhona e se movimenta dançando. E se estás demasiad@ séri@ e aborrecido, ela arranja formas de animar, de te despentear e de trocar as voltas.

Podia dar-te uma massagem para te fazer relaxar, mas a forma de ela te dar massagens é realmente virar-te do avesso. Para ver se mudas... de opinião, de verdades, de ideias, de formas, de lugar, de discurso, de palavras, de penteado, de vida.

E assim amarrotada... quero continuar a desenvolver a arte de me questionar. De não me dar por aceite e definida. Quero continuar a descobrir novas notas em mim, tonalidades, ritmos e sentires... há tanto mundo por conhecer e horizontes por abrir.

Sigo caminhando e viajando dentro de mim.


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