Oitavo Dia



Hoje acordara com a vontade de se deixar estar e permitia-se. E escutava-se e silenciava e desfrutava da sua presença. Na espiral da vida, tudo é um ritual que se quer honrado e dignificado.

Queria-se quente, chegávamos a agosto, o oitavo mês do ano, e o auge do verão pede festa e extroversão e a casa 8, de escorpião pede  o inverso. Vem para dentro, regenera, visita os teus recantos mais íntimos, descongela os icebergs do teu inconsciente, morre e renasce.

Na quietude, a mente acalma-se  e no mais subtil dos campos algo se vai cozinhando e alquimizando. E celebra-se por estar aqui, neste momento, nesta terra. Alegra-se das suas tristezas que lhe permitiram descobrir o que era alegria. Dos dramas que criou e viveu na vida real que a fizeram perceber que sentia, que as emoções vão e vêm. Que cada morte por amor, e cada dor, a fizeram renascer mais criativa, rejuvenescida e mais cheia de si.

A cada passo as máscaras iam sendo derrubadas, os véus desvelados, e a vergonha caía por terra. Mais do que mostrar a pele, ia-se revelando, mostrando, sentindo orgulho por ser quem é, por ocupar o seu lugar. E se tudo parece um labirinto, sem fim, explorá-lo para encontrar o centro de si tem sido a aventura mais fantástica que podia ter encetado até hoje. Tantos lugares, culturas, línguas, músicas, danças, qualidades e sombras têm-se revelado. Quanto amor reunido... quantos pesos largados.

Toda a caminhada é um resgate, uma cura de si, de todas as relações. Sempre que se ama mais, mais consegue amar. E tanto fala ela de AMor. Poderiam dizer-lhe que é uma romântica, outros que vive num mundo encantado de fantasia que tudo ilumina.  Chamem-lhe o que quiserem. Pouco importa. A beleza está nos olhos de quem vê.  E eu escolho ver a beleza e a centelha divina em tudo. E tudo se resume a Amor, tudo É AMor. 

Sem ele não sobreviveríamos nos primeiros dias, meses, anos de vida. Somos seres de relação, de intimidade, de toque. E Amar é regressares a ti, à essência, à unidade, à reunião, à integração e comunhão com a existência, com a criação.

E o movimento é infinito, como o número oito. A vida que está dentro da morte e a morte dentro da vida. Sem princípio nem fim, seguem os ciclos, os círculos, os pontos, dentro dos pontos, que formam os sistemas nesta grande teia, o véu invisível onde estamos todos ligados.

Segue o balanço. Na quietude podes escutar o movimento, o balanço e segui-lo.


Crédito da foto: Mauro Rodrigues

Body painting e maquilhagem: Telma Ramires


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