Sétimo Dia



Quis Deus terminar a criação ao sétimo dia, depois de ter criado o homem e a mulher. E quis o homem começar a criar os mitos, o pecado, o paraíso e o inferno.

E ao sétimo dia do ano imagina que estás em julho... e sente o calor de pleno verão neste inverno gelado. Diz que a casa 7 é de balança, então vamos lá procurar o equilíbrio entre o quente e o frio, entre o dia e a noite, entre o que me faz bem e o me faz mal, e como encontrar dentro a harmonia, para que a possa viver fora.

E equilíbrio fala de movimento, para que no balanço da circulação a vida continue. Assim é a respiração. Contrai e expande. Ou não vivêssemos também num mundo dual, em que através da polaridade sintetizamos, reunimos, encontramos o centro.

E o baile e a dança é na relação. Na relação com a vida, com o outro, com a natureza. Com os espelhos, com as formas. 

Aí espelhamos, espalhamo-nos ao comprido, e espalhamos como um vírus ambulante. E também a qualidade desse vírus depende do que levamos dentro, medo ou amor.

E da relação nasce a criação. A criação de um ovo, de uma vida, de um projeto, de uma forma... e estamos sempre  a criar. Somos criadores manifestadores. Levamos dentro a magia que transforma, que transcende, ilumina, cura, ama.

E se me tocas na minha dor e eu não tenho a capacidade de a transformar em amor, vou por aí contaminando rios, mares e corações espalhando ardor, revolta, raiva, soberba e arrogância... deixa-me ferir antes que possa ser ferido novamente. E também essa contaminação pode abrir as outras feridas de outros corações doridos e no toque e foge vão saltando pipocas e mais pipocas assanhadas que correm por aí, armadas com balas e canhões, prontas a atacar. 

E na selvajaria corações são tocadas e as dores despertas... para que possam ser denunciadas. Até que venha o coração puro amar todas as dores, abraçar e acolher as pipocas assanhadas e uma a uma se possam ir vulnerabilizando e reconciliando. E serem contaminadas com o Amor.

Quem é contaminado pelo Amor, jamais se esquece. A partir do momento que vislumbra o que é Amar, já não consegue retroceder.... apenas tem de decidir continuar a avançar. Essa é a escolha. Num mar de pipocas assanhadas continuar a oferecer o coração e a amar requer a resiliência da mãe que ama incondicionalmente e a coragem do pai que mantém o corpo aberto, os olhos claros e avança, porque há mais lugares que precisam de ser cuidados e amados.

Enquanto houver lugares por Amar, há trabalho por realizar, poesia por ser feita, música para ser composta, dança por dançar, abraços por dar.

Venho oferecer o meu coração, é a minha dádiva. É tudo o que tenho. E por vezes vais receber, por outras não... pouco importa. A essência que levo dentro nada pede, tudo recebe, e apenas pode irradiar o que É.

Relação!


Comentários