No alto da montanha


 Lá do alto da montanha ela vislumbra a beleza e a maravilha desta terra. Que emocionante viver nela. Como a natureza respira em uníssono, como os ritmos se seguem e compõem esta música que toca interruptamente. 

Nem sempre lhe era fácil estar afinada com o ritmo. Caía muitas vezes... e por vezes apetecia-lhe desistir. Mas a vida chamava-lhe sempre. Havia que continuar a caminhar, levava com ela a resiliência e a vontade de aprender. Aprender a ver-se, escutar-se e sentir-se melhor para que pudesse estar afinada com os ritmos, os seus, os do Pai Celeste, e da Mãe.

Era uma pessoa de pessoas, de se relacionar. E como adorava bailar. E desde que descobrira que bastava entrar em sintonia com o outro para dançar a dois, estava maravilhada com as coreografias que se criavam no momento em que duas energias se juntavam.

Estava habituada a ir sozinha, a desbravar caminho, a romper, a ir.... custava-lhe o trabalho de equipa, a ter de esperar pelos ritmos diferentes do dela. E achava que liderar era impor a sua ordem e vontade. Tivera que deixar o Vento entrar para a despentear e desarrumar. É que com os pés no chão a brisa sopra e faz-te bailar, percebes que és flexível. E na flexibilidade aprendes novas formas, novos passos. Desprendes-te das formas conhecidas, das ideias fixas. 

Não há fórmulas mágicas. Há escutar... repara quando ouves uma música e naturalmente do corpo vai nascendo um movimento e mais outro. É o corpo a responder ao estímulo, ao chamado da sua natureza, a interseção entre o movimento e a quietude.

Ela era movida pelos briefings do exterior que a convidavam a abrir, a ir, a disparar, a romper e a preparar-se pelo e com o caminho.

E nesse fluxo muitas vezes tinha de reforçar o propósito.... o que a fazia mover? A pergunta. O que te faz mover?

É que se movimento é vida, o que te faz estar vivo?

Querer-me melhor, resgatar-me, amar-me melhor com mais sanidade, reconhecer-me e incluir-me em todas as partes. Tenho em mim uma Alegria viva que quero distribuir por aí, abrir-me e permitir-me ter a valentia e audácia de a expressar para além das minhas fronteiras, da minha casa e ir por aí ampliar a minha Casa. 

Sigo aprendendo a caminhar e a respeitar os meus ritmos, as contrações expansões. E reforçar a fé e a firmeza na vontade e flexibilidade na táctica.

Levo em mim as sementes da vida e do amor.


Comentários