Pede o que necessitas

 



Parece simples... pede o que necessitas. Mas os complicómetros que nos habitam adoram complicar. Esperam que os outros sejam adivinhos e que caia do céu como acto de magia o que necessitas.

Gosto de dar o exemplo dos animais domésticos, da sua comunicação direta. Eles querem festa e brincadeira e pedem. Saltam-te para cima, e pedem de forma mais subtil ou óbvia. Eles pedem. Têm fome, querem ir à rua, eles pedem.

E tu, e nós?

Pedimos o que necessitamos? E isso não nos torna pedintes ou mendigos... torna-nos seres conscientes da fome que levamos dentro.

E o pedir... não é "exigir" que venha o outro lá de fora resolver a minha vida. As palavras estão cheias de truques, porque habituámo-nos a interpretá-las, a introduzi-las em contextos e fixar e também as suas definições.

Quantas vezes não tens a coragem de parar, de te olhar, quando aquilo que mais sabes e que o teu corpo te pede é para Parar?  

O que te impede de atender ao que necessitas?

O medo!  O medo do que virá a seguir, dos territórios desconhecidos de ti. Então deixa-me ficar pela rama, deixa-me dominar a situação.

Ontem ouvi uma frase lindíssima, e eu sou coleccionadora de histórias, frases, palavras que me tocam. "O medo são perguntas não resolvidas" (Albert Espinosa).

Não deixes de perguntar aos teus medos. Ama o teu caos. É a tua diferença, o que te distingue e te torna único. E mostra que há várias realidades e todas elas distintas do teu ponto de vista. E isso permite-te alargar o teu olhar, ampliar a percepção.

Queres urgentemente ser igual. Porque achas que dessa forma podes pertencer, ser validado e reconhecido. És igual na matéria que te compõe, muda a vestimenta, a persona e os talentos. Diversidade precisa-se. E vieste cá com a tua assinatura única para contribuir com a tua presença. 

Não queiras ser outra coisa que não aquilo que és e nasceste para ser.

Pede o que necessitas a ti, em primeiro. E tem a valentia também de pedir à vida, ao entorno, à família humana. Estamos a acompanhar-nos uns aos outros. E apenas podemos ser ajudados se nos abrirmos em permissão. E na verdade, corre-nos nas veias a vontade de ajudar e de nos doarmos. Está-nos no sangue, no genes, dar-nos à Vida e Amar a Vida apesar das contrariedades, do esforço, das penas... a vontade de contribuir e de amar mantém-nos a Chama Acesa.

É tão bom descobrires-te nos Outros... e perceber a infinidade de facetas, de espectros, de cristais que o teu Diamante reflete. 

Apesar de estares confinado num corpo, a alma que te habita é infinita e vai-te mostrando que os limites são camadas a ser ampliadas dentro do teu ser. E que a casa é uma pequena parcela do Lar que habitas, Planeta Terra... e ainda que possas ter ideia que se prolonga, vais apenas até onde os teus olhos alcançam.

Que na vida possa ir ganhando a valentia de viver e amar e ir pedindo o que necessito, a mim e à grande família visível e invisível.

Se me for atendendo a mim, nas minhas necessidades, nada mais há para temer. Porque me incluo, valido e suporto. E se mesmo lá fora receber o Não vier à ajuda solicitada, não tem mal, porque levo comigo a melhor ajudante, e a vontade de continuar a trilhar as estradas e purificando os fantasmas que levo dentro. E pelo caminho vou continuar a procurar e a perguntar... porque os nãos recebidos podem ser as melhores ajudas a receber em determinado momento.

Na ProCura encontro e desenvolvo a arte de fazer melhores perguntas.


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