A beleza está nos olhos de quem vê... que memórias levas dentro?

 



A arte de construir boas memórias fala de como catalogar e ressignificar  as experiências e continuar a nutrir esse empreendimento.

Os alicerces e as raízes têm de estar bem firmes, saudáveis, fortes em terra fértil, fofinha, com os nutrientes necessários para que possa crescer em altura, expandir ramificações, dar flor e fruto. 

A proveniência sempre dá as raízes necessárias para que a jardineira possa cuidar e aprender as lides de cultivar a terra e de a pôr saudável e fecunda. E para que possamos ver e nos darmos conta de que temos raízes e que elas precisam de cuidado... a vida mostra, revela, expõe. De outra forma não nos daríamos conta.

A forma como cuidas do teu jardim, fala das tuas raízes. O que aparece fora é o resultado da força e potência que levas dentro.

E aí menina, doce, frágil, nos seus 17 anos transportava já sonhos. a magia da escrita, da poesia, da imaginação. Talvez vislumbrasse um pouco da força que levava dentro... mas longe estava do caminho a percorrer. 

Estava prestes a tomar a maior decisão da sua vida.... Viver o Sonho de ir estudar e ir para a Universidade. E o preço a pagar?

Escolher-se a si mesma, em detrimento do amor da adolescência. Ela estava em primeiro lugar. Não que se tivesse assim tão inteira e cheia de si, de estima. Ainda não conhecia a sua casa interna, nem a habitava.

Mas já sabia dizer.... por ali não quero ir.

Egoísta chamavam-lhe tantos amigos e família. Ego-centrada. Primeiro mim e o resto que se lixe... era tão bom que se tivesse assim em tão elevada conta e consciência. Mas a matriz energética e a assinatura individual persegue-nos e nos momentos cruciais, de transição, de crise seguram-nos a mão e fazem-nos avançar no caminho em direção ao ser.

A raiz sempre nos conecta com a força, com a potência, com o conhecimento adquirido, com a sabedoria do vivido. 

E tanto temos para recordar, já que as distrações do ruído da mente nos mantém presos num automatismo adormecido. Voltar a lembrar, reconetar é manter a ficha ligada para que a energia flua.

E aos 17 tinha a força de posso, quero e mando. De rasgar, romper e avançar. Os sonhos não tinham tempo de ir para a gaveta.... mal estava a imaginar, começava logo a concretizar e a arriscar.

Medos?! Tantos... mas sempre foram a engrenagem para continuar a ir, a olhá-los de frente e a ser a heroína da minha própria história.

Hoje avançaram mais uns anos no calendário... muitas vidas passaram. E mudanças atrás de mudanças, mas a garra, a energia, mais refinada, mas com a mesma essência... distribuir a água de vida pelo mundo.

A beleza está nos olhos de quem vê... e ela sempre teve a tendência para ver o lado bom, a generosidade dos corações, a bondade. Cada ser transporta uma beleza extraordinária e se prestares atenção para além dos véus e camadas que por vezes a tornam turva, consegues sempre ver a Beleza.

O coração sempre está vivo e aberto.

E o teu olhar precisa de estar disponível para captar. 

E ela continua a alimentar as suas memórias de beleza... recordando da sua também e dos vários lugares por onde ela passa.

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