Relacionar na relação



Eu queria querer querer-te. Quantas vezes a relação entre eu e eu roça essa tensão, de querer-te mal e querer-te bem?

Espelho meu... que me revelas tu para além da borbulha no rosto e aquela ruga no canto do olho?

As relações chamam-te. E tão bom quando elas são abertas e expansivas como o mar, a terra, o fogo e o vento. E mesmo assim elas por vezes destroem, derrubam e impõem. Ui, se impõem! E como é fácil na pureza sentir o Amor, a Universalidade, a Totalidade.

E nas relações mundanas, onde eu me incluo e os outros terráqueos, andamos cutucando habilmente feridas, talentos.... sempre desembrulhando presentes e surpresas.

E na relação crescemos, tudo está em relação e só a assim a Vida se mostra, se vive e manifesta.  

E observando as aventuras e desventuras que nos vão trazendo a sabedoria para melhorar e aperfeiçoar, assisto também aos traumas... já não vou por aí, que já dei uma queda nesse sítio.

E magoados com feridas que já foram, andamos carregando dores, que moram nas representações mentais, projeções numa tela imaginária que já fez a festa atirou os foguetes e apanhou os estilhaços.

Para que me vou encantar... e correr o risco de me desiludir? PARA VIVER! Parece óbvio, mas na verdade, há uma espécie de controlo esquizóide, que quer selecionar o cardápio das experiências, isto posso viver, isto não. 

E eu gosto de observar o que vem para o meu campo de experiência. O que me provoca. Tudo provoca sempre - e tanto descobrimos acerca do que vem ter connosco. E nem sempre agrada.

Não estamos cá para ser agradados nem para saciar o desejo visceral. A frustração ajuda-nos a crescer. Precisamos de ser frustrados, para que a nossa fome se revele. E para que possamos fortalecer o músculo da presença e do amor próprio.

E se vem determinada proposta é porque ela é necessária... a vibração não se engana. A energia sabe o que faz, ou Deus, ou o Grande Espírito, como gosto de invocar.

Como te sacias quando não podes satisfazer o teu desejo? Como te suportas, como tomas conta de ti?
O campo de experiência sempre te vai trazer tudo o que precisas.

E como te relacionas dentro vai ditar as relações que fora. Do que fala a tua dor e desilusão?

O entusiasmo é sempre o meu primeiro impulso, apaixonada por tudo o que mexe e não mexe. E quero desbravar caminho e concretizar, fazer, fazer. Esse é o desejo, atirar-me de cabeça. Quero sentir a adrenalina de tudo. E claro que o Já, à minha maneira existe muito pouco, ou quase nada. Moderar o impulso, aprender a respirar a ter paciência, a dar-se conta de que os outros existem, inclui-los. E aprender com eles. Criar laços, vínculos. Persistir quando o que está à frente pede para ser experienciado, com abertura e aceitação. Ficar, criar estruturas, demorar-me para encarar e aprender e seguir para a próxima.

Como aceitar que aquilo que se deseja pode assumir outras formas? E que as possibilidades são infinitas.... e poder usar a matéria apresentada como inspiração. Como os desencantamentos podem ser bons... Como os Nãos da vida podem ser os melhores sim que recebemos na vida para crescer e amadurecer.

Tudo por aprender. Tudo para Amar. Criando a relação com o coração.




 E largar o controlo, a pretensão, a expetativa... só assim se pode livremente ser. E libertar esses condicionamentos é uma viagem de amor e sustento com o próprio. Servires-te primeiro em vez de correres para servir na esperança que te Amem.

Claro que sempre vais receber testes que te devolvam a casa. E as relações são a melhor coisa do mundo, permitem-nos conhecer e explorar as várias facetas que residem nesta casa tão grande.

A qualidade das relações falam do nosso crescimento. E se no fim do dia os outros não existem... quantos lugares, pessoas e vida há por amar.

E em 7 biliões de pessoas do mundo, apenas vamos cruzar-nos com as que precisarmos de aprender e pôr algum em comum. E quantas mais incluir, mais digo sim à vida que sou e respiro. 

E às vezes é tão complicado... quando levamos um tapa na cara, do amor que nos rejeita e abandona, uma perda, uma traição...       

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