Aceitas Viver?


Morre mais um pouco. 

É preciso. 

É que para viver é preciso saber morrer. 

Que a olhes de frente.

E saberes que ela caminha lado a lado com a Vida.

E saber que é preciso deixar que morra um pouco mais do medo que consome, das fantasias e ilusões que o Ego demente a todo o instante inventa para se manter seguro e a controlar qualquer coisa que acha ser o seu quadrado.

E para que ele morra tenho de olhar de frente. Alimentar-me de mim. Segurar-me nos braços, acolher-me no pacote completo. 

E assumir as partes sombrias que habitam. As que vão aparecendo para que as reconheça. As que se estão abafadas, que renego e fujo para não olhar... e que o meu campo energético traz até mim através de pessoas, circunstâncias para que tenha oportunidade de olhar.

A casa é onde mais dói. É o ninho fértil que destapa as feridas. Quantas vezes sentindo a paz dentro vou à família e descubro batalhas em ebulição. As atitudes e gestos que irritam, que magoam, a impaciência, a turbulência. 

Onde ainda busco fora o que não consigo dar-me. E os reflexos mostram os vazios. O que é preciso largar e soltar e o que é preciso Amar. E Amar fala de Aceitar o que É.

E só se pode aceitar o que é, numa perspetiva mais elevada. É triunfar sob o conflito. Encontrar novas soluções, ampliar o olhar.

Acredito na Bondade. É disso que o Coração é feito! E quando aquilo que a expressão e ação manifesta como Oposto, são os gritos desesperados por Abraços e Amor. E a cegueira leva a tantas lealdades inconscientes que aprisionam e nos afastam de nós.

E queremos tanto ser Bons, Boas Pessoas, que pagamos o preço por manter uma aparência, uma forma de responder, que tantas vezes vai contra a vontade que se sente dentro. E também isso é afastares-te da Bondade por ti mesm@. 

Ensinaram-nos a olhar para fora, já que os olhos e a visão são inundadas diariamente por tantos estímulos. Que esquecemos de olhar para dentro.

Que mandemos à fava, à merda, pó car%&#o os conceitos e os juízos do Bem e do Mal. É preciso desapegar, desidentificar. Não queiras ser nem Bom, nem Mau. Percorre o caminho da neutralidade, da honestidade de cada momento, sê justo contigo.

Dá-te e recebe-te. Em todas as facetas. Inclui-te. Tens em ti a avareza, a preguiça, a gula, o vício, o julgamento, a crítica, o violento, o exigente e tantos outros personagens, como o amoroso, o ternurento, o bondoso, o alegre, o triste, o otimista, o sonhador, o ativista, o entusiasta... tantos personagens quantos a tua mente quiser criar. E no fim todos eles têm direito aos seus 5 segundos de fama no palco, da vida. E é só uma peça. Traz-te reflexão, lições, crescimento para poderes prosseguir com toda a família de personas e à medida que acolhes, a família cresce. Mais personagens vão aparecendo. E os enredos vão-se tornando mais complexos e simples também... que a trama tem de continuar a ser tecida e a vida a ser resolvida.

E vais percebendo que és um AmaDor sempre a aprender a Amar e a reconciliar com a Casa e Família. E assim te vais tomando cada vez com mais Doçura. 

E que eu possa aprender a destapar-me mais e a permitir-me andar por aí com a pele exposta para sentir a vida em cada poro e recebê-la de peito aberto.

Aí vou ressuscitando para a Vida: aceitar de onde vim e prosseguir para o destino que a vida me conduz. Permitir que seja ela a guiar.

 Lá porque nasces, não quer dizer que estejas Viv@ e que aceites cá estar. E se estivesses cá para aprender a estar Vivo e Aceitar Viver?

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