Co-operar



Operar em conjunto, em comum, em prol da comunidade. Esse é o intento. E olho-me e sigo no sonho e na utopia de que é possível. E já dizia algures um poeta, cujo o nome não recordo por agora. São necessárias utopias para que possamos prosseguir. Ter uma direção e um ideal para seguir.

Acredito na fraternidade, na igualdade. De um dia podermos comungar na mesma direção. Cada um com a sua individualidade, mas podermos colaborar. Aprender com as diferenças. Não querer ter a razão, não querer ganhar. Que a diferença possa auxiliar, apoiar e abrir espaço para vermos para além das nossas lentes.

E claro que me deparo com a educação que recebi e com o sistema. E me vejo tantas vezes enredada no estratagema de defender com unhas e dentes a minha razão e visão de justiça. E depois de respirar e me acalmar percebo-me. Lá estou a subir aos píncaros - eu é que sei e a minha visão é que é a certa.

E depois de respirar e da temperatura baixar.... percebo que o importante é expressar a minha voz, mostrar a minha visão. E isso é muito mais importante que ter a razão ou ganhar. Fomos ensinadas a calar, a não incomodar.

E o primeiro arranque é o impulso instintivo de defesa / ataque. Até se perceber que não há perigo real. Essa é a fantasia que a mente cria. Assim como nada é melhor ou pior do que eu. Todos somos diferentes.

E a competitividade e a métrica quantitativa de avaliação coloca-nos nesse patamar de nos compararmos e de tirar ilações. E na verdade todos temos assinaturas únicas, distintas. E não vamos gostar do mundo inteiro, nem o mundo inteiro vai gostar de nós. E está tudo bem.

Empatizamos naturalmente mais com uns do que outros. E dessa forma os encontros se vão dando. E também isso nos fala de respeitar o ritmo próprio. Viver e deixar viver e há espaço para todos.

E gerir egos e expetativas é um trabalho de casa, que começa sempre dentro. E lá fora o que se passa vai responder de acordo com o que tenho resolvido dentro. O quanto abraço o que é diferente de mim. O quanto abraço a novidade. O quanto abraço quando as minhas expetativas são defraudadas, quando as ideias que tinha sobre algo caem pelo chão. Quando me abro para receber o que é, por mais estranho que possa parecer.

Só nesse caminho vamos aprender realmente a cooperar. Atualizarmos permanente direções, expetativas com flexibilidade na estratégia e firmeza no sentido / propósito que nos move.

A mim move-me o Amor. O caminho da autenticidade e da simplicidade. De poder ser e manifestar-me em verdade em todas as minhas facetas, de vulnerabilidade, força e talentos. E partilhar o aprendido para que possamos ser cada vez estar em nós, brilhando o nosso brilho.

E se cada um estiver fazendo a sua poesia e partilhar enriquecemo-nos tanto e cooperamos no bem de todos. Estamos no que somos... AMor.

Sigo denunciando-me e quebrando a casca, as capas, véus, armaduras.

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