Cumprir-se


A minha orquídea resolveu desabrochar hoje. Já vos disse o quanto amo Flores?

Elas têm uma magia especial e observar como o seu botão se prepara para florescer até que a flor se abre no seu esplendor máximo e nos irradia com a sua beleza de cor, fragrância, forma.

A abertura da flor fascina-me e como a mente funciona por metáforas, a flor revela-nos esta abertura de coração, o florescer do Amor e do que é vital em nós. Da beleza, fragilidade e força.

E observando os ciclos, os passos é inevitável ir olhando com ternura, paciência e compaixão para o próprio caminho, para os passos dados. Para as fragilidades que fazem encolher e dizer "ainda não". Ainda não estou pronta, ainda não quero. Deixem-me estar sossegada, no ninho. As proteções e o medo de "sofrer" faz ficar num ciclo pantanoso de resistência.

E tudo faz parte. Há que respeitar cada passo, o ainda não, o ritmo próprio. A vontade de querer caminhar podes estar presente, mas tudo se faz com treino. Há que treinar o músculo da presença, do amor e compromisso consigo mesmo para que UM se possa sustentar nos seus próprios pés, sabendo que tem a chave da sua própria Vida.

E esse saber não vem da mente racional que percebe, vem de um outro lugar mais profundo, que vai sentindo e integrando no seu Ser como aquilo que É.

De que serve saber como funciona, que realmente estou sozinha na vida, se a seguir me queixo da dificuldade, do me sentir sozinha, desamparada, e de comparar que os outros têm uma sorte que não tenho, porque a mim tem de ser tão difícil e penoso? 

Somos humanos a aprender, e no momento do embate podemos realmente sentir uma certa injustiça e queixume, mas também esses desabafos falam do desamor que ainda temos por nós. O quanto ainda não tomámos e recebemos a Vida Plena em nós. Quanto achamos que nos devem, que não nos foi dado, que não foi o suficiente e seguimos cobrando da Vida. 

Os desafios servem-nos para fortalecer e aprender. E enquanto acharmos que a vida não nos deu, que os pais que nos deram a vida e todas as experiências que recebemos deles e de toda a nossa herança não foi a correta, vamos seguindo exigindo e cobrando do exterior o que ninguém nos poderá dar. 

E Amar as nossas origens, de onde vimos, com todas as alegrias e tristezas e desamores e ausências, dificuldades, que tudo foi o Correto e Perfeito, o que precisávamos para crescer e cumprir o nosso destino é Amarmos melhor o que Somos. E nesse lugar tudo está certo, servimo-nos e servimos a Vida.

Habitamo-nos.

E vamos conquistando a nossa liberdade. De sermos livres de nós mesmos. Das novelas que nos contamos, dos traumas que carregamos, vamos soltando, desapegando.

E à medida que vamos sendo livres vamos estando disponíveis para viver plenamente.

Quero ser a minha Voz, a minha Autenticidade...  e estando nesse Encontro, encontro, vou encontrando a profundidade das definições até que se vão soltando a pouco e pouco.

E cumprindo a vontade profunda da alma que se vai encontrando espaço para ser e se manifestar neste plano, em sintonia com a Grande Família.



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