Frágil


Somos tão frágeis. E olhar ao espelho e assumir essa fragilidade é algo tão bonito como aterrador. A fragilidade torna-nos tão humanos e belos. Como a flor que floresce e irradia a sua fragrância, condenada a deixar ir as suas pétalas com o vento e sendo a exposição tão breve da sua vida. E isso, não importa. 

Fomos ensinados a guardar, a calar, a se fortes, a suster a respiração para não incomodar, a fugir do que dói. E tudo o que se reprime entra em panela de pressão, à espera de um toquezinho para explodir.

Talvez por isso tenhamos medo de nos expor. Não sabemos a imensidão do descontrolo da explosão. E o que se fará com isso. E se for destruíd@ e não me conseguir levantar, e se não conseguir voltar do estado da loucura?!

Nem sei bem quantas fantasias e ilusões poderão morar nesta mente que nos habita que está sempre a querer controlar e a impedir que nos mostremos, sob o pretexto de nos estar a proteger.

Importa querer olhar para o que é frágil em ti. Que não é necessário estar sempre na postura de forte e impenetrável.

Que é necessário deixar-nos penetrar para que as barreiras possam ir caindo e darmo-nos conta do que em nós dói e é frágil. Essa é uma Decisão que se Toma.... de se disponibilizar para ir olhar. E permitir ser desnudado e acolher.

Somos tão pequenos e também tão grandes. E para ver a Gigante que me habita preciso de ver também a Pequena e vice-versa. Ambas andam de mãos dadas e fazer-me cargo delas, é ir-me conquistando.

E tomar-me cada vez melhor, acolhendo o que ainda não consigo amar, as exigências, as fugas, as birras da criança que demanda, o que ainda não consigo ver e relaxar perante a impossibilidade e impaciência.

 E se a Dor desperta e vem é agradeSer, porque finalmente se soltou e está pronta para ser olhada e tomada. E a alegria de poder estar num grupo que se mostra, que participa, que se cura porque de coração aberto expõe-se e ACOLHE. E isso é Amar, é tomar.

E como as mensagens chegam de todos os lados e de várias formas, deparo-me com um post nas redes sociais de alguém que tem uma postura irreverente e divergente da norma sobre o tema Covida a identificar que tinha apanhado o vírus. Interessante os comentários de apoio e de melhoras, mas também com um pico de azedo - como se a pessoa tivesse negado a existência do vírus e "merecesse" estar a passar por ele.  Até nisso o vírus colabora com a Vida :) O corpo sempre procura a saúde, o equilíbrio e combater para se pôr bem. E em primeiro lugar elogio a CORAGEM da exposição, de identificar que ficou doente. Que é humano, tocou-lhe. Estamos todos expostos. A atitude perante o que está a acontecer revela-nos e mete-nos em maior colaboração com a Vida... se nós permitirmos que ela nos vire do avesso e nos mude a forma de olhar e viver.

Enquanto estivermos em guerra e tivermos a necessidade de ser contra ou a favor algo em nós continua a competir entre o grande e o pequeno, em quem tem ou não a razão, o fraco e o forte.

E nenhum tem de vencer. Não há possibilidade de vencer. É preciso ser Humilde para ser Grande. Uma coisa precisa da outra. É de mãos dadas que podemos caminhar. 

Somos fruto da fusão da dualidade, um homem e uma mulher. E aceitá-la é tomá-la.

E tantas vezes a exigência da perfeição, da ordem, do controlo, do ter de.... e o querer ser bonzinh@ nos leva a abafar a expressão e a cumprir o destino próprio.

E seja o que for a que a tua Voz te conduza, se permitires que ela saia limpa sem o  julgamento e as crenças limitantes, que SAIBAS QUE ELA É DIGNA, CAPAZ, PREPARADA, COMPROMETIDA.

 



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