Porque fazes o que fazes?



 

Porque fazes o que fazes?

Onde queres chegar?

Vale a pena?!

É preciso questionar... e de tempos a tempos voltar a questionar. Estamos em constante update e atualização. E em caso de dúvidas, olha para a tecnologia de ponta. É que tu também és, tecnologia de ponta ;)

Cada vez mais rápido os telemóveis, os computadores pedem atualização e as app e tudo mais. E tu... quando é que recebes a notificação para instalares a nova atualização?

Recordo-me enquanto empresária, nas áreas da comunicação, design e publicidade, uma das principais questões "Para quê?", quais os "Resultados" e que estratégia vamos montar para chegar lá. No coaching as métricas não diferem muito e na vida do dia a dia... também.

No empresarial olha-se para números, contas, a gestão económica e a financeira. E as responsabilidades fiscais e tudo o que implica manter uma porta aberta e equipa faz com que o Foco esteja bem presente. Não há como resvalar... ou então a fatura e o preço a pagar sai caro.

Há algo nessa dança empresarial que nunca gostei, nem consegui identificar-me... talvez ainda muito trabalho interno para fazer e resistências para quebrar ou talvez não... e finalmente quebrei as amarras. 

Who knows? And that really matters?

É que aprender vai para além de acertar nas respostas que o livro do conhecimento diz serem as corretas. Aprender é saber cá dentro que as respostas me servem, me acalmam, me dão uma consciência boa de paz e tranquilidade. E podem ser só minhas.... e o mundo inteiro ter uma visão oposta. Porque não se trata de ter a razão, mas sim de sentir o que é certo para mim.

E o caminho do meio... é uma dança que se vai dançando, ora dois passos para esquerda, ora dois para a frente ora três para a direita e um passo para trás. E mais uma volta e meia volta. O que importa é não almarear, como se diz aqui nos Algarves.

E na vida, queremos tantas vezes traduzir o mundo empresarial. Somos a nossa maior empresa. Sim, sem dúvida. Acho as metáforas excelentes, para criar distanciamento e perspetiva. E temos de aprender a ser os nossos melhores comerciais, já que consciente ou inconscientemente estamos sempre a vender-nos com a imagem e comunicação que passamos. E agora viramos para o marketing e branding pessoal. Que usar os termos técnicos é trending.

E então qual é o teu business plan para 2021? Em que sonho apostaste para operacionalizar. E que estratégia montaste? E qual o mix de comunicação que estás a usar para promover e e como andam os teus 4 P's?

Enquanto empresária irritava-me correr atrás de resultados. Tirava-me o prazer de desfrutar do que me apaixonava - a profissão de gerir as contas de cliente, recolher briefings, acompanhar o trabalho criativo, o copywriting, as memórias descritivas das propostas gráficas, a apresentação ao cliente. O quanto eu vivia a criação desenvolvida pela equipa. E depois ter o privilégio de acompanhar aquelas maquetas a se transformarem em produto físico. E fazer controlo de produção, e procurar fornecedores e comprar preços e negociar. Era um bichinho constante de nervosismo, de stress e corrida contra o tempo para cumprir os deadlines.... mas uma aprendizagem diária. Problem solver era o meu nome do meio... e continua a ser... ou não fosse a moça dos projetos e desafios.  E depois gerir a empresa em si, da burocracia, era retirarem-me do playground para tratar de coisas sérias e pagar contas. E vamos lá que temos de vender mais.... vamos embora que é preciso aumentar os números.

Há qualquer coisa que se perde e que vai morrendo aos poucos. O prazer do fazer. O puro prazer. Há a cultura da produção do dinheiro... "como cultivar mais dinheiro?" como se de sementes estivéssemos a falar. E na verdade não se pode comer papel... As perguntas têm de mudar e as permissas.... "como cultivar mais humanidade?" Como viver melhor com menos e como partilhar mais?

Todos deveriam ter um soldo que permitisse não pensar no dinheiro e pudessem viver criativamente a sua vida a fazer o que gostam, e não com o propósito de criar para gerar mais dinheiro.

Deixa-me lá ver que ideia idiota posso ter produzir mais dinheiro :( 

Há algo muito errado nas nossas mentes e nas crenças que nos foram incutidas no inconsciente e consciente coletivo e pessoal. E é nessa edição que me vou trabalhando. Confiando que há de tudo para todos... e o prazer que retiro com o que faço não há dinheiro no mundo que pague, ainda que honre o dinheiro e o agradeça por vir ao meu encontro e me permitir viver, pagar as contas e dar-me tudo o que necessito para estar bem.

Às vezes perguntam-me.... mas o que fazes, escreves e distribuis compensa o retorno? E a questão é porque faço o que faço?

Para me servir em primeiro lugar a mim. Aprendo tanto, recebo tanto. Vou-me ligando cada vez melhor. Descomplicando, confiando. E às vezes recebo feedbacks interessantes. E acolho e incluo. Às vezes serve-me para perceber que estou no caminho correto... porque há dias que a dúvida vem atormentar e questionar. E aí vejo quão firme estou, o que precisa ser atualizado, o que preciso largar e o que preciso afirmar.

É que não há respostas fixas nem definitivas.

São apenas ondas que vêm e vão, e às vezes surfa-se melhor... outras cai-se da prancha. Mergulha-se, boia-se... E lá se tenta mais uma vez... Que isto há que aproveitar enquanto aqui se está... já que é só por um tempo. E ele vai-se subtraindo.

Vale a pena?

Vale. Vou chegando cada vez mais dentro de mim. Ainda que por vezes possa ter a ilusão de que me estou a distanciar e que ando perdida e sem rumo.... é que também a desorientação faz parte do trilho e do Quizz. A estratégia é ir largando a estratégia e com o músculo desenvolvido a partir da experiência do recorrido ir abrindo as asas e voando melhor.



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