A utopia serve para caminhar


“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

– Fernando Birri, citado por Eduardo Galeano in ‘Las palabras andantes?’ de Eduardo Galeano. publicado por Siglo XXI, 1994.


Sonhadora desde criança, viajava para o mundo da imaginação onde todos comunicavam entre si. E todos incluindo as pedras, as árvores, o vento, os pássaros. Ela caminhava entre florestas e bosques encantados. E hoje adulta continua a ter esse mundo bem vivo. Houve tempos em que desacreditou. Tanta a maldade, injustiça e dificuldades que se encerrou dentro de si. Separada, desacreditada.

Achava que não valia a pena. Queria abalar, ir-se daqui. Ninguém a entendia. Ela sempre procurava a beleza nos corações e por vezes estava tão escondida que desistia de procurar.

Chegaram-lhe a chamar-lhe Alice do país das Maravilhas. E abanarem-na, Acorda. Em que mundo vives. E esses golpes abruptos feriam-lhe. E a casca começou a tornar-se dura para que se pudesse proteger.

Mas no fundo a Criança viva estava bem conservada. Quis a vida pôr-lhe no mundo das artes, da criatividade, das cores e das formas. E a pouco e pouco o mundo cinzento começou a tornar-se colorido.

A magia nunca se perdera, apenas estava bem guardada no baú. E quando a vida a foi convidando a abrir, foi contactando com outros seres sonhadores. Que todos os dias coloriam e deixavam a sua marca no mundo. E ela começou a sentir-se menos estranha.

E a ser convidada a participar mais. E deixou de ser importante que se pudessem identificar com as suas pegadas e caminho. Importava que levava dentro a Cor, o Coração e a Oração do Bem Querer.

Podia mudar o mundo?! 

Sim. O seu. E encher-se de Amor e quiçá colorir um pouco mais a vizinhança que a rodeava. Acreditava no seu mundo de fantasia, que se pudesse tornar real?

Quanto maior é o Caos mais acredita ser Real e Possível numa Nova Ordem. Como uma Inevitalidade. Só resta esta sociedade, este mundo Cair. Cair em Si, e no Amor que são.

E quanto mais se enche a si de amor, mais acredita. Pois o mundo são os seus olhos, o que os seus olhos vêm, percepcionam e acolhem.

Pode ser uma Utopia?!

Talvez... mas ela é o Impulso. O impulso para continuar a Caminhar. E se Cair? E se Voar?

Há tanto medo de Amar e Viver.... pois então que se Vá com Medo, atravessando barreiras, dizendo sim ao Encantado, à Fantasia, ao Amor, ao Abraço, ao Sorriso. E se sou uma Romântica e Levo Poesia dentro é para me Espalhar e Espalhar todo o perfume que levo dentro.

E romper e rasgar o Coração para Continuar a Oferecê-lo. Não importa que o possam Querer Ferir, que se magoa e se espete no Caminho... o músculo da vontade quer-se fortalecido para continuar a Acreditar em Corações Abertos que se Doam, que se Unem e Colaboram.

E se em tempos duvidei, e se ainda há noites escuras que parecem solitárias.... encho-me de Mim, renovo a Esperança e na esquina seguinte encontro. Encontro sorrisos, família e a Comunhão de mais Corações abertos que se abraçam e seguem juntos na construção do Novo.

Que a Utopia guie os nossos passos e abra Caminho!

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