Conquista-me!


O final do mês aproxima-se.... e recordas que há inspeção do carro para fazer. Como era possível?!  Sempre a organizada que ia com um mês de antecedência tratar de toda a logística. E agora o mês corria a passos largos e ela não se tinha lembrado e na última semana corre para tratar de se pôr em dia. 

 E faltava-lhe a buzina no carro e pelos vistos a luz dos travões de trás. O carro é sempre uma boa metáfora de como anda o nosso veículo interno. Foi num acaso que se deu conta não ter buzina. Raramente a usava. E como se dar conta que lhe faltava luz no travão? Ela bem que travava, mas pelos vistos, não era visível para fora.

E o inesperado fê-la ficar sem carro praticamente 3 dias. E fez-se à vida, viajou, apanhou boleias de tantas maneiras e feitios. E pôs a sua buzina a trabalhar, a expressar a vontade, os limites, a pôr ordem.  E a dar-se conta que tinha de soltar a pressão dos travões para escorregar melhor e deixar-se ir.

A luz?! Essa sempre a acompanhava. Mas era sempre bom recordar que a tinha, forte e luminosa. Nas noites mais escuras é sempre bom recordar que se caminha sempre com ela.

Os caleidoscópios da vida têm tantos ângulos e cores e sempre se movimentam e mostram em diversas perspetivas. E se recebia na sua vida tanta generosidade, calor, abertura e amor, também o outro espetro lhe era mostrado da projeção do medo, do aperto, da correria, do sufoco. E lado a lado correm as duas águas.

Restava-lhe observar e seguir o seu rumo. Levava dentro a chama do Amor, da vontade de se doar e construir o novo. O novo trilho de confiança, abertura, autenticidade e compaixão.

Como?

Que importa? Bastava-lhe seguir de coração aberto, disponível para escutar, receber. E continuar a entregar o que leva dentro.

A alegria é uma escolha. E ainda que convivam todas as dimensões e realidades aparentemente no mesmo espectro, ganha a vibração que sustento.

Para onde vou? 

Por aí.... amando o mundo. Largando os pesos que ainda não consegui soltar. Abrindo os braços e cada vez mais o coração. Conquistando a liberdade de ser e sentir. A única que existe.

A maior conquista que vou fazendo é a reunião e inclusão de todos os fragmentos e tornar cada vez mais inteira.

É um trabalho diário de sedução, de compreensão e de abrir espaço dentro para me receber. Isso é Amar melhor, aprender-me melhor e se vou fazendo a paz e reconciliando... vou abrindo espaço para receber o fora, o outro, que afinal sou eu, somos todos!

E nesta separação de águas que se vai fazendo cada vez maior do dia e da noite, do sim e do não, receber em amor e abrir espaço para incluir o que é a minha verdade e limites e também a dos outros distintos de mim, é conquistar mais individuação e também participação. Caminhamos sempre de mãos dadas, ainda que por trilhos distintos.

A ti... ofereço-te o Amor que em mim tenho conquistado. É o único que tenho!


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