5º Dia A Gosto_ encontros

 


Vim para reunir e unir. Há embates que criam e nos fazem esquecer. E por isso continuamos na jornada do Choque, do tornar a vir, para recordar.

A memória sempre precisa de mnemónicas, de muletas e apoios para que acede aos arquivos escondidos. E na procura, encontra-se, E os encontros sempre se dão sem hora marcada, e mesmo que até marques a hora, jamais poderás adivinhar o encontro que se dá, até que aconteça. Por mais que o queiras previsível e o planeies, sempre vem a surpresa do presente que se abre no momento do sucesso. Essa é a riqueza, do chapéu de sol que voa e nos leva a sombra. Oh, não que eu preciso da sombra para não fritar o miolo ao sol. E quantas vezes nos agarramos à sombra do conhecido, para manter o cérebro controlado e seguro no que já conhece.

E bolas... que o atraso fez-me correr. E perceber que a hora atualizada é que é a correta. E a vontade que vá para saber que afinal ficar em stand by. Para que serviu o trajeto? Para encontrar. Abraços, sorrisos amigos, carinho e fotos de animais que se apresentam no caminho. Assim é a teia que vai sendo tecida silenciosamente, reunindo, unindo os fragmentos. E os pensos rápidos e as ligaduras vão tratando das feridas antigas que agora se mostram e pedem por carinho e consolo.

E a carta falava de perda, de luto e tristeza. E vieste-me à memória e apareceste tantas vezes num só dia nos rostos dos outros, nos aconchegos dos animais que vieram pousar em mim. E a morte é a passagem que mostra a mudança da forma. E a vida apresenta-se. Uma nova vida que desce. A mulher que se prepara para ser mãe, a barriga que cresce. O passeio orgulhoso da montra ambulante que se passeia nas janelas das redes sociais e na rua entre os passantes.  O movimento que abre o peito e faz o coração sorrir.

A piscina que nos recebe para arrefecer a temperatura dos corpos. Os pássaros que cantam. O satélite que passa e nos observa. Estamos a ser vigiados. Despe! E a estrela cadente que teima em não vir.

Contagem decrescente.... 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2,1... ela vai aparecer. E o céu que se oferece estrelado para que o contemplemos. Este é o tecto da minha casa. E precisei ir para longe da cidade, encontrar o bréu, para que a luz se pudesse revelar.

E sempre procuramos a Luz, e na verdade o encontro faz-se no escuro. Reconhecendo-o, abraçando-o. Sem o escuro, cega sou.

É nele que encontro espaço para ser, ver, sentir, escutar.

Encontro. 

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