Estranha forma de Amar: felizes para sempre!

Era fácil distrair-se. E dispersar-se. Eram pontos de fuga?! Talvez... pudesse ela ter consciência dos seus próprios enrolos, no momento do enrolanço. 😅

Havia uma parte que sabia que se avançasse, já não haveriam travões. Outra era também atravessar a câmera do desconhecido e permitir-se confiar e deixar-se ir. Sabia que agora as portas estavam entreabertas. Começavam a ganhar balanço e claridade.... e sempre que abria a boca a ajuda vinha. A manifestação estava cada vez mais palpável.

E ela sabia que tinha de ir. Reforçar a coragem. A vontade, a persistência, a resilência. Ela sabia que levava a garra, o entusiasmo e que sempre que ia, ia com tudo. Às vezes, muitas, era empurrada. Os convites da vida.

Eram os convites para lhe reforçar a confiança e mostrar-lhe que estava no caminho. Sempre se está no caminho. E as sincronicidades, os encontros, as palavras e mesmo os desencontros, as cartas fora do baralho lhe vinham mostrar a maestria da vida a pedir-lhe para reforçar limites, posição. É que também isso é Amor.

Ensinaram-nos o Amor e uma cabana. A perfeita perfeição, de que a tesão do entusiasmo e do diálogo e da performance e dos resultados tinha de correr bem. 

E na verdade a Chama acesa precisa do vento para ganhar mais combustão e circulação. Precisa de constante madeira para continuar a arder.  É preciso embate, desafio e cenas para resolver.

É que fazer o Amor é Comigo e Contigo... sem que isso signifique partilhar a mesma cama. Sempre que saio à rua e me envolvo numa dinâmica relacional, seja uma conversa curta ou longa a forma como vou, como estou, como abro, como fecho, como me tensio, como me ausento, como o meu sistema começa a reaccionar vai denunciando o termómetro sensorial que levo dentro.

Onde me dou secas? Onde não tenho paciência? Onde me fecho à aprendizagem? Onde entra a minha crítica, julgadora a opinar sobre o que estou a receber... condicionando pois o que entra. Quais são as putas das prisões e projeções?

Estranha forma de amar esta que encaixa, idealiza, projeta... e se Esquece de Viver! Virtualidades pois na relação que relaciona, associa, compara, mede para decidir se arrisca, se vai e vive. E em conta gotas respira e caminha, numa contenção emocional.

Gosto da imagem do caminhante que segue cheio de pensos e ligaduras pelo caminho.... já preparado para a queda e o corte que não tem. Mas se vir já não fere nem toca porque tem toda a pele protegida com pensos. 😂

Hilariante! 

Quer-se viver, com a certeza do desfecho, do resultado. E se se desconfiar que não é possível, que não encaixa o perfil idealizado, pois evita-se. É estar investir numa vivência sem futuro!

Onde, como se lembraram de pôr este chip nas nossas mentes?! Não vale a pena investir, pois não vai dar frutos.

Como viver pela metade? É isso que a mente racional nos pede, o chip encolhido que quer securizar-se e minimizar as quedas.

Loucos são aqueles que se jogam à vida, que saltam, que se emocionam, que caiem, que choram e riem. Se esfolam e arranham. Têm rostos de crianças leves, felizes, espontâneas. Segue-lhe a luz da pureza, a audácia de se atreverem. Esses são os eternos felizes porque sabem que é no momento que podem sentir. E sentem tudo. E será essa a maior felicidade, sentir a intensidade do sangue que corre nas veias, em cada instante. A adrenalina do nervo miudinho no momento do salto, a alegria por por aprender e desfrutar uma nova rota, um novo amor, uma nova relação com os encontros que a vida vai disponibilizando no cardápio das experiências quotidianas.

Não queiras ser feliz para sempre. Que "aborrido" dizem os espanhóis. A vida seria muito cinzenta e aborrecida se tudo fosse linear... essa sim é uma estranha forma de amar.

Amar é saberes-te despenteada, mal disposta, trapalhona, fugidia e ramelosa e achares-te piada. E também investires no melhor fato, na melhor prenda, e dares-te prazer. E impores limites e perante um limite cresceres em aprendizagem. E saberes que mesmo que haja um dia cinzento, sempre tens a oportunidade de te acompanhar silenciosamente na tristeza, na doença, na raiva e podes continuar a amar-te cada dia melhor.

E nesse presente seres mais presente e presenteares-te com mais Amor. Desfazendo as narrativas que a mente gosta de contar, e contando novas histórias, as do aqui.... e isso acontece quando começas a estar aqui, em ti.

Possas pois cair no AMor por ti.... e aí ser feliz no sempre único que existe, o Agora!

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