O medo de viver

E hoje foi dia 1, o primeiro. E ela sempre gostava dos dias 1. Dos novos começos, dos inícios. E o princípio sempre anuncia um fim. E o final do ano aproximava-se a passos largos. 1 do  mês 11. E de repente temos o trio de 1. 

E a desconfiança era-lhe mostrada nas histórias dos outros, nos jogos de controlo e na estratégia de me assegurar que é seguro e posso avançar.  E no seu oposto a história de amor vivida na plenitude e como é tão bom "bom de mais", "tenho medo de vir a magoar o outro!".

Os rostos do medo escondem-se sob tantas formas. Deixa-me controlar para não ser controlado e magoad@. Deixa-me ir devagar para me assegurar e ter a certeza que é por aqui o caminho e não criar falsas expetativas no outro.

Tanto é o medo de viver... que se arranjam tantas capas e rostos para sobreviver. 

E se eu corro o risco? O que acontece?

E no dia da celebração dos mortos é também para olhar para os vivos, para celebrar também melhor os mortos. 

Celebra-se a memória dos que já partiram, do que gostavam, das histórias, do amor, das saudades, do caminho percorrido.

E o que andamos nós a fazer com a Vida enquanto ela pulsa na nossa pele. 

Andamos em conta gotas a medir a dose perfeita para sentir e achamos que os outros nos querem enganar e passar a perna, tirar vantagem, proveito?

E não seria tão bom?

Que te passasses a perna uma vez por todas para ver se cais de vez em ti? E que bom que alguém queira tirar vantagem ou proveito de ti. Ao menos que haja alguém, já que o de casa, vive demasiado protegido, enclausurado em relação às forças da vida.

Que ela te bagunce, te apanhe desprevenid@ para que te permitas.

É para ti que falo. Mas em primeiro para mim, já que em mim estou aprendendo a viver. Se te servir, aproveita a boleia.

Já chega de costas voltadas. Que se encontrem os peitos abertos e se encontrem nos abraços.

É que os medos apenas servem para que encares as feridas e as partes fragmentadas que querem ser unidas e amadas. É a sombra do Amor e tudo o quer é ser iluminada. Regressar à fonte.

E a Morte está dentro da Vida e segue-lhe ao lado. E sabendo que um dia também te juntarás a ela, aprendes a dar a mão a esta companheira de viagem que sempre está a teu lado, para que aproveites a jornada da vida da melhor maneira.

Estamos cá por um tempo. E que seja o melhor que soubermos aproveitar com a honestidade dos gestos, palavras e oferecendo o coração em cada encontro e presença.



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