Almas curam almas


Almas curam almas. Reconhecem. Reconhecem-se.  Por isso se cruzam. E há o encontro, os desencontros, os embates, os conflitos. Quando tudo o que mais desejam é a Paz.

E a paz está na comunhão, no encontro, no abraço, no descanso que confia, se entrega e rende. Reconhece que a outra alma é casa. É que a ilusão da matéria dá-nos diferentes rostos, vestimentas, cores, narrativas, traumas.

 E na busca incessante pelo amor, pela fusão, pelo regresso a casa tornámos o comum tão distante e que a separação da pele nos tornasse abismo. E quando parece que nos aproximamos vem o medo de que a fusão nos retire a individualidade e nos torne indivisíveis. E eu não posso caminhar com os teus pés nem tu com os meus. E como no comum há espaço para que cada um exista na sua criação. E valorizar a dinâmica da diversidade sem que nada tenha de se impor, nem a verdade, nem a razão, nem o corpo, nem a voz nem a quantidade de troféus obtidos. E honrar o lugar de cada um, a hierarquia da precedência da vida que jorra em cada sopro, em cada pedra e flor que brota e em cada onda que bate e rebate.

E o respeito sagrado pelo destino de cada um. É que a morte mora dentro da vida e a vida tem os ciclos, os ritmos, os tempos e a gestação e os silêncios e as quebras e paragens e a transformação das formas e pequenas e grandes mortes, e as catarses e os suspiros.

E o que é senão a existência. O fluxo que é, que está sendo, um continuum desmedido, sem princípio nem fim.

E as sincronias sempre se movem e nos removem. E as músicas entram-nos pela sala e destapam as memórias de uma Alma que viaja no tempo e se recorda que é parte da Grande Alma.

É poesia em manifestação... e na família, no ponto que tece e continua tecendo a grande teia do amor encontram-se os pontos, as palavras mágicas, os toques, os sussuros sorridentes que nas redes do facebook e instagram vão denunciando... estamos juntos tecendo a magia do amor e da poesia, em fotos, palavras, músicas que nos abraçam.

E talvez a vacina e a pandemia nos tenha unido muito mais a todos como irmãos, como almas que curam que na procura de si encontram o amor disfarçado em olhares, abraços. E ainda que possa a couraça não permitir os físicos, os virtuais sempre existem. É que ainda que estejas na matéria e ela te defina um corpo, vais para além dele, e não há espaço, nem matéria nem tempo que te defina, ainda que seja essa a aparente ilusão.

E se tudo isto for um filme criado na tua tela mental para que possas crescer e aprender sobre o amor. E seria quase um filme à modo "Indiana Jones em busca da arca perdida". E nessa aventura vão-se encontrando as arcas nos irmãos de caminho. Corações abertos, corações feridos, corações. E por maior que seja a couraça há sempre coração que se quer abraçado, visto, e amado.

Quanta ameaça ainda me represento, quanto medo ainda tenho por abraçar e amor por fazer. Quanta mente, quanto controlo, arrogância, poder  há para olhar, acolher incluir. Para que possa acalmar e dizer-me está tudo bem e aí confiar.

Não sou do contra nem a favor...sou da força criativa. É a partir de dois pólos opostos que se pode gerar e criar uma nova criança, um novo mundo, um novo olhar para que todos possamos amar melhor :)

Gasta-se a energia em provar onde está a razão, a jogarmo-nos uns contra os outros. Ao menos que nos jogássemos uns com os outros e se fizessem orgias. É que ao menos a malta aliviava a tensão. E diz que o orgasmo rejuvenesce a pele e a malta anda mais feliz lá por causa das endorfinas e oxitocinas da vida.

Andaríamos todos mais felizes, e diz que está frio, a malta aquecia-se. É que se é para contagiar que seja o amor. E nada melhor que calar as bocas com beijos. E acalmar a tensão com abraços.

É que se é para ser Louca, que seja a loucura do bem, do entusiasmo e do que criavida.

As almas sempre curam almas quando se reconhecem. É que aí o coração desperta para ver que do outro lado está outro ser humano.

Comentários