Aprecia

 


Aprecia.

E ela apreciava mais um pouco este sopro de vida. Breve, fugaz.

Não há tempo. 

E essa afirmação continha tantas traduções. No tempo que se cria, que pode ser saboreado devagar. O tempo que urge, que se esgota. O tempo que se acelera e passa rápido.

E mais um ano se preparava para chegar ao fim. Hoje o 364º dia do ano de 2021. E parece que o tempo corre, e a vida é tão cheia. Tem tanto movimento nela. Tanto que sucede dentro e fora. 

E quando a vida nos toca, tanto por apreciar. Toca na pele, e a pele sente tudo. A vulnerabilidade de sentir, de se expor e apresentar ao mundo. Afirmando-se, sentindo-se e apreciando-se melhor.

É que colher, reunir, explorar, confiar abre-nos o peito, o sorriso, o medo, a fragilidade, a dor, mas também a emoção da alegria, do coração que se permite receber. E apreciar é dar as boas vindas à experiência e ao ser maravilhoso que as acolhe da maneira que pode e consegue.

E apreciar o que é com o que é... é fazer a paz, reconciliar. Deixar cair armaduras. Permitir-se estar no não sei, na imperfeição, na humanidade de peregrina, aprendendo a caminhar e a ser humana.

E apreciar a condição que ainda tem condições, que há amarras que precisam ser olhadas, amadas para se soltarem, é ir ganhando espaço e conquistando liberdade dentro.

Apreciar o amor que cresce, apreciar os espaços vazios, a carência o que ainda não consegue amar, sem querer escapar, tapar, fugir ou compensar.... é apreciar-se. É estar lá para si.

Amparando as quedas, segurando-se.

É que amar é olhar o bonito e o feio e dizer sim.

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