Provocadora

Ela sabia que movimento gerava movimento. E queria-se quieta. Tinha uma tendência para a inércia. Já a sua energia... contrariava-a.


Era uma provocadora. E assim era o seu diálogo interno. Desafiava-se constantemente. Provocava-se. Reagia ao embate. Dava-lhe tesão, o desafio. O correr riscos, arriscar-se, pôr-se à prova.

E o conflito entre o desejo de quietude e o de aventura desassossegava-a.

Olhava para fora. E o entorno devolvia-lhe alguns olhares de admiração, outros de total desaprovação.

"Fazes tudo para chamar a atenção!"

E como negar?

Fazia de tudo para chamar-se à atenção. Para se trazer de volta. Para se divertir nesta festa. Para se desarmar. Para aprender a rir de si. Dos fracassos, das quedas e dos sucessos.

Do prazer e de se permitir usufruir dele. E isso provocava nos outros as mais diversas sensações, julgamentos e tudo e tudo.

Ótimo! Nela também.

E saber-se provocada na sua própria provocação era uma delícia... às vezes sem tanta delícia. E as lições eram sempre as suas melhores colheitas. A oportunidade de se receber melhor. 


Perceber?! Naaaa.... para quê?

Ela queria provocar-se. Sentir-se. E aí viva, podia caminhar melhor.

Faltam 5 dias para mais um ano cível terminar... que loucura! Tanta cura, dança que sana. Tanta descoberta....das partes de si que andavam por aí camufladas, escondidas na repressão dos seus olhos e dos outros. Tantas vozes acolhidas dentro de si. Tanto amor feito dentro de si, e tanto ainda por fazer.

Olhar as memórias, a dor, as fugas, as compensações. Pouco a pouco. Vai invocando e provocando para vamos lá fazer mais amor com a humanidade que traz dentro e vê fora.

Reconciliar é também soltar amarras.

Faltam 5 dias... e ela está em jeito de balanço. Mas em festa, por tanta dança dançada. É que reunir-se é regressar-se. E a vida fica mais viva.

E a vontade cresce para se continuar a provocar.

E se não há outros... e a energia contagia-se ;)  é bom que te sintas provocad@ para te reunires, te olhares e reunires o amor que levas dentro.

A vida vem com tudo. E nesse tudo há tanto por abraçar. E ser dador é dar à dor o sentido, o significado para crescer em amor.

E ela vinha provocar a dor também, por amor de se encontrar. E enquanto principiante nesta escola da vida, ia desenvolvendo a compaixão, o perdão.


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