Entre véus


 Entre véus o visível esvai-se nos reflexos dos espelhos. O esfumado das formas que sempre cria a ilusão das traduções que querem significar.

E na inspiração das formas a criação sempre arranja espaço, intervalos para continuar a criar.

A aparente quietude revela a subtileza do movimento. De como tudo se transforma. A tela tem diferentes tons e texturas de branco. E a brisa sempre sopra novas cores. E a água sempre reflete e reproduz. No céu os escritos estão à vista numa sabedoria indecifrável para a mente e reconhecida pelo coração humano.

O sol sempre se põe e anuncia mais uma noite.

Os véus escondem e revelam que há outro lado. Há mais ângulos. Há membranas finas subtis que envolvem mais camadas. E tantas camadas envolvem o corpo. Que protege, delimita, assegura, contém, suporta.

E na ilusão da separação a reunião sempre revela o inteiro. A dança combina cria a música, a composição.

E cada reunião feita de encontros, de relações sempre traduz o que está para lá dos véus.

E incluir é.... a travessia entre os véus, desenleando-os e dançando com eles. Sentindo profundamente a textura, a doçura, a pertença ao verso, ao pluriverso.

Ao que fui, ao que estou a ser e ao que serei juntando tudo num só plano. E na multiplicação e desmultiplicação permitir que tudo seja. E esteja onde tem de estar. 

Assistir é assistir-se.

E de coração aberto não querer perceber, apenas receber.

EU SOU! 


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