Afecta-me!



Afecta-me.

Seja de que maneira for, afecta-me. É que se permito que me afectes... recebo-te. Seja com lágrimas, gritos ou abraços.

Assim é o mistério do Amor que se manifesta de tantas formas. Vale tudo para abrir corações.

E as lágrimas têm de correr para que ele abra. As couraças e armaduras que transportamos sem saber com a ilusão de que protegem. E enquanto quisermos andar por aí protegidos, como permitimos que o amor flua? Que a vulnerabilidade nos trespasse em toda a nossa fragilidade e força?

Há couraças disfarças, que parecem transparentes e leves.... defesas que colocam barreiras para proteger da dor que se sente.

E sente-se. Tudo se sente. Viemos para ser afectados. E no afecto ser acolhidos. E fomos escolhidos habitar este grande mistério. E a vida não se consome. Ela vive-nos, circula entre os laços que nos unem e em muito ultrapassa a presença da matéria.

Há tanto tempo que conversamos. Que as nossas almas se reconhecem, muito embora nunca nos tenhamos encontrado na carne.

Somos. Estamos. E o invisível que nos une torna-se visível nos encontros da pele com cada rosto do caminho.

E nos abraços. E nas dores que me despoletas. E em cada reconhecimento que faço de mim em ti. Somos Amor. E faço o Amor quando em ti também me recordo. Quando me liberto mais um pouco das amarras. Quando me abro. 

Sempre que me afectas convidas-me ao afecto. A querer-me melhor. A amar-me melhor.

A recordar e a reconhecer o propósito que move cada passo do meu caminhar.

E todos nos afectamos com as demonstrações de amor. E estranhas formas de amor que provocamos uns nos outros. Às vezes com encontros outras com empurrões. E ainda assim é amor bruto, instintivo à espera de ser acomodado.

E é o mistério. O mistério que convida a aceitar sem entender. A receber e a amar o difícil e a incluir na grande unidade.

O sagrado ofício de Amar o Mistério.

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