Empurra-te!


Entrar. Sigo entrando em mais uma respiração e um compasso e um passo. E despertar sem nada esperar e saber. A curiosidade, o vazio de não restar de outra senão esperar o que surja. E confiar.

E assim se tomam as decisões. Dizer sim e esperar que venha o que tiver de vir. E é sempre a surpresa.

E hoje sem sair de casa estive em tantos lugares, e tanto se fez. Início de um novo ciclo de trabalho, as sessões online, por esse mundo fora. E o mundo abre-se e entra-te pela porta adentro.

E sabemos que o caminho é para a frente e pede-te para que sigas caminhando. E ainda que saibas não quer dizer que não tremas. Todo o caminho ainda não trilhado impõe respeito e algum temor.

O desconhecido é um  lugar vazio, escuro, misterioso, pois não está revelado. Não se sabe como vai passar e resta confiar na sabedoria da vida que sabe o que faz e que te levará a passar pelas experiências que tens de passar. Vieste com recursos, os que já tens alguma consciência e habilidade e outros tantos por descobrir.

E o não saber abre espaço dentro para deitar por terra expetativas, projeções e ficar apenas na sensação. No sentir toda a provocação e sedução da vida que chama e convida.

E se há um ano atrás tremia sabendo as propostas da agenda sob o novo que se avizinhava, agora a agenda vai-se desenhando. E eu vou lançando-me também à aventura, com uma rede mais lassa. Como se treina o nada? Nadando fora de pé para ir desenvolvendo o músculo e encontrar casa em cada esquina, em cada irmão de caminho, em cada mão que se estende, em cada convite que impulsiona a arriscares mais e mais de ti.

De mim falo. E para mim falo, para que possa apoiar e acompanhar-me em todos os devaneios e loucuras e amparar-me em cada recuo que quero dar, em cada desculpa esfarrapada para me dizer ainda não. E também na minha loucura que me empurra para o palco do medo e me ensina a respirar com todo o pulmão e a agarrar-me com toda a força dentro de mim.

Mas agradeço a todos os empurrões que me tenho dado e me têm oferecido tanto, e me fazem sentir mais segura dentro. E no caminho ser mais autêntica, fazer o que amo e estar mais em paz com tudo o que me habita. Principalmente o direito de sentir e me atravessar, incluindo cada parte com respeito e amor e humor.

E nesta relação de amor, aprendo a receber-me melhor. Sigo aprendendo e sendo novidade e exploração do que se vai revelando. 

E mais um ano, mais um mês, uma semana, um dia, uma hora, um minuto, um segundo que a vida chama por ti, para que te reúnas, para que te cumpras. E isso é olhares, escutares profundamente o que te chama, qual a chama e passo a passo caminhares nessa direção que se vai abrindo e ampliando. Nada permanece no mesmo lugar.  E a decisão é sempre a acertada, pois convida sempre a olhares, a reparares. Às vezes escolhemos a vias rápidas, outras os caminhos apertados e cheios de curvas, podemos sempre eleger a rota, atualizar a direção.

Nada está perdido. O coração sempre chama e recorda que é momento de Acordar e Desapertar os Nós que te impedem de seguir evoluindo.

A tua Alma está esperando por ti. Que a assumas na pele, nos ossos e sigas vibrando por completo na matéria que elegeste caminhar.

E trata-se de distrair a mente demente da sua razão para que o coração possa dançar e criar a sua poesia.

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