O Regresso

 


Sempre se regressa. E na astrologia o planeta Urano virou direto a 23 de janeiro e captei esta foto na Kapadócia. E Urano sempre traz repentes... longe de imaginar que a 200 e muitos km do local onde me encontrava se daria este tremer de terra na Turquia dias depois.

E nem a terra que parece estática nos segura. Ela tem vida própria e move-nos os pés, sacode, cospe-nos.

E quis eu marcar o Urano direto em Touro, a Terra fixa que se prepara para ser abalada por este planeta que pede mudança, revolução e inovação. Só não temos como adivinhar as formas da manifestação.

Não é casualidade a escolha dos locais para onde nos sentimos atraídos a ir. Sempre vamos ao encontro. Ao encontro de partes separadas, esquecidas, excluídas. E sim a história, os monumentos, os museus tudo fala. Mas a linguagem que toca cá dentro é a do sentir. As sensações que movem, que o corpo reconhece sem explicação. A familiaridade. Os afectos, os sorrisos, o contar de histórias. Os sonhos, o caminhar, os rituais, a cultura.

E perceber que há espaço para que os medos sejam acolhidos e respeitados. E que quando se pede tem de se abrir espaço para receber. Parece fácil?

Quando fomos ensinados a dar, receber é sentir-se bem vinda, merecedora. Eu posso, eu desfruto, contemplo e confio no milagre que a vida manifesta a cada instante.

Histórias de amor, desamor, de luta pela sobrevivência, de batalha por sonhos que se querem realizados,  de confiar na bondade, da interajuda, no fluxo. Na organicidade de se deixar guiar pelo que sucede, sem grandes planos, entregar-se e ir.

A história que se vai revelando à medida que se caminha pelas cidades, pelos sítios, pelas pessoas. As raízes que sempre se apresentam, as semelhanças. O acolher e respeitar o diferente, a diversidade. Há espaço para que tudo se relacione.

E Perdoar. Perdoar por não querer olhar, por excluir, por achar ser mais fácil não pertencer ao distinto, quando na verdade é tomar que abre e inclui.

Há tanto... no subtil que se recebe em terras que são tão nossas. Somos cidadãos do mundo, com a nossa assinatura sim, mas tão próximos, que tantas fronteiras nos fragmentam e distanciam. E quando a terra se move também nós acordamos desse sono profundo e da ilusão e somos acordados pela Dor dos que ficaram desamparados. A nossa humanidade acorda-nos.

Lá no fundo temos a centelha da bondade à espera de ser recordada. E se nos recordamos estamos mais presentes uns para os outros. 

A terra a movimentar-se, a reclamar também de como a tratamos.

Sempre estamos de regresso a um novo abrir de olhos, a uma nova percepção. A um novo lugar ainda que aparentemente possa ser a mesma casa e cidade. 

Tudo por conciliar. E sigo, reconciliando!


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