Portas



Observava os convites que vinham achocalhar. As portas fechadas que tornavam a abrir. E ela curiosa ia espreitar. 

E a  morte sempre espreita à espera que se aceite o seu desfecho. Os fins precisam de pontos finais, virar de página. Os ciclos  pedem conclusão. E vêm questionar... estás pronta a soltar e deixar ir?

O confiar que a mudança também possa advir nas portas que se tornam a abrir. Que a mudança está à espreita em cada esquina, acessível a todos. E está. E depois de espreitar e dar o benefício da dúvida verificas a repetição do já conhecido. E sim é-te pedido para que seja dada uma nova oportunidade.

E ganhas a ilusão de um certo poder, quando na verdade a oportunidade é dada a si mesm@. A coragem de fazer o caminho, de revelar a mudança em si. Fazer-se acompanhar de novas estratégias e comportamentos.

E ela revia-se também em tantos autoenganos que se colocava a si mesma. E os espelhos dos outros refletem-na em tantos níveis. A dor que suportamos e nos infligimos para nos distrairmos do que dói realmente.

E o que pede amor também destapa o que dói.  E tantas as vezes a busca pelo prazer rápido, fugaz e efémero para tapar e mascarar os vazios emocionais que te acompanham.

É preciso coragem para olhar, para reconhecer e incluir como parte. 

Não podes escapar de ti para sempre ainda que tentes por aí andar distraíd@ com as lidas domésticas, o trabalho, os filhos, os namoros e flirts seguidos um atrás do outro, as festas, o álcool, os açúcares, a comida, sexo, drogas, jogo, tv.

E o primeiro passo é ganhar consciência de que assim é, e também aceitar onde estás. Do que ainda precisas. Do que fala a fome, a insuficiência, a insatisfação?

E aos poucos ir fazendo o caminho de bem querer-te, de usufruir da tua melhor companhia. De enfrentar os monstros.

Atravessar a inquietude, o incómodo e permanecer em ti. E não quer dizer que não vás para fora saciar a tua fome com os padrões repetidos, mas ganhar consciência, vai permitindo ampliar o olhar de quereres trabalhar na tua autonomia espiritual. De te ires reunindo e tornando mais inteiro e segur@ na pele que vestes.

Cada dia nasce uma nova oportunidade de olhares para dentro e ficares aí. E perceber que tudo o que importa está aí, já.

Então que se fodam as portas. Para quê portas? Tudo o que vem, mesmo quando parece que já tinha ido vem para relembrar, recordar e despertar. Onde andas? Como vais e para onde?

São boleias para que possas escolher novas estradas.

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