Raízes


 


Fé e Ver! Palavras que são mais do que palavras. Energia em movimento que a faziam mover. E ela seguia o impulso e ia desbravando e descortinando medos. 

Fé é aprender a ver antes do descorrido. Confiar. E essa era uma palavra que lhe vinha a ser mostrada e entregue de tempos a tempos.

Confia! Fia junto com a vida neste grande telar de fios invisíveis. E ela pouco a pouco ia-se empurrando para fora do conforto do lar. Lá se punha à aventura com ganas de desbravar, de se confrontar. Pôr-se de frente em frente com a vida, afirmar-se no que quer que fosse e se revelasse.

E apanhava-se tantas vezes a querer ser perfeita, importante, arrogante. De agora já passei esta meta, vamos a outra. E apanhava-se com gosto, com ternura do que queria escapar. 

E cada vez lhe era mais fácil assimilar a sensibilidade, a vulnerabilidade, o erro, a falha, os medos, as incoerências, os incómodos. Afinal isso tornava-a humana e apta a pedir apoio, ajuda e desfrutar de poder ser mais acompanhada. 

Nada a comparar e tudo a amparar. E até os defeitos a tornavam deliciosa. E também eles mereciam ter lugar e ser autodirigidos. Tudo em si merecia ter expressão. A competitividade merecia ocupar espaço e ser direcionada para melhor disciplina consigo. Precisava de metas e desafio. Então criava para si para o seu aperfeiçoamento. Assim como direccionar o egoísmo para o saudável, para o respeito por se tornar a sua maior prioridade, na gestão do tempo, do descanso e de tudo o que lhe desse na real gana.

E isso tornava-a uma perfeita humana, também com vícios, taras e manias. E amar melhor é renovar o olhar e aventurar-se a ir com tudo o que ia descobrindo de si. 

E sempre que vinham as definições e conceitos abatê-los para que pudesse continuar desperta e motivada para continuar a aprender e a desafiar-se.

Começara o mês a aterrar em Portugal, dia 1 para que na semana seguinte pudesse ir novamente para território vizinho, Sevilha, e depois Lisboa e depois Grândola. E o movimento que lhe seguiu e a planificação dos meses seguintes, e as propostas e as viagens faziam-na ampliar o olhar e segurar-se de si.

Afinal a casa seguia sempre consigo para onde quer que fosse. E confiar é abrir o peito e permitir ser tocada. Chorar com as suas dores e a dos outros, afinal empata é reconhecer que tu és eu, e eu sou tu. E temos tanto, tudo em comum. Mudam-se as vestes, a voz, as palavras a essência, essa sempre segue para que reconheça a origem desta chispa, outrora chama.


Até ao meu regresso. Enquanto isso, sigo vendo, desbravando deste lado do véu, participando nas criações, e co-criando e contagiando e descobrindo através dos conflitos e dos embates e trespassando as ideias dementes que se fixam e reprimem.


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