Graça

Tem graça. Ser graça. Um toque de graciosidade que amacia o diálogo silencioso que sempre se manifesta. Em ti, para ti e através. 

E as lágrimas que escorrem pelo rosto são diamantes preciosos que lavam, que tocando na pele te fazem contactar com suavidade e ternura o que dentro reluz.

A escuta. A graça que vem sussurrar-te sob tantas formas, histórias, pessoas para que te relembres. De estar, acolher, ser, abrir.

E na beleza acompanhar a beleza de corações que quebram e se abrem. A delicadeza do amor que se faz em ondas de movimento e turbilhão. As emoções brincalhonas que vêem desassossegar. Trazer ardor e amor. E na dança fazer-se presente.

Sem escapatória, estar. Eu vejo-te. És perfeit@.

Ainda que venha a intensidade, o desconforto, o pico da emoção que explode. O turbilhão da mente que desassossega e atira tantas narrativas de incapacidade, inutilidade, impotência, fragilidade, insegurança. Uma arma pronta a disparar, a matar e a morrer, que acciona e pressiona gatilhos.

E se puseres à escuta, com graça, delicadeza podes oferecer-te flores, e conversar contigo. 

Que necessitas?

De que falam as armadilhas,  as armaduras e armas? E se o R fosse ressignificado, removido, reciclado, ficaria, AMAS?

E os ângulos ampliam-se quando denuncias o que dói, os abandonos, as traições, as fugas, as demissões. 

Estás pront@ para te acolher em Graça, com tudo o que se mostra?

Incluir é bem receber, ainda que te desagrade, que almejasses arrancar a dor que dói, e sair do lugar que te encontras.

A coragem de te atravessares, de seres o teu próprio cálice. Seres atravessad@ pela montanha russa que ocorre no corpo, no sentir e na mente. São ondas que pedem desapego, que sejas veículo para que circulem. Nada a prender, nada a ocultar, conter ou segurar.

E nesse colo, amparo sente o que há para sentir. Segura-te, habita-te melhor. E continua a abrir, a deixar que a vida te banhe. E vai relaxando perante as tensões automáticas e defensivas que o corpo instintivamente aciona quando sente atacado.

Tudo vem por bem. Para provocar circulação.

E o maior estado de graça será estar em ti, viv@, presente, contemplando os milagres. A sacralidade de cada sopro de Deus que acontece com o seu consentimento.

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