Tempo




Vinha para a aula já com o tempo à justa e o trânsito a ajudar na azáfama de ver os minutos a passar. E observava atentamente a facilidade com que criava intensidade e pressa no ritmo de querer fazer tudo e aproveitar cada segundo. Achar que conseguia correr contra o tempo e esticá-lo. E perante a tensão relaxa…vamos ver o que acontece, e há uma aula na hora seguinte. E espera-se. Aproveita-se o tempo para pôr a escrita em dia, observar e cuidar. E também chega a mensagem, amanhã podes entrar mais cedo ao trabalho. E as marcações que se encaixam e alinham na ordem perfeita, sem precisar de ajustes. E tudo bate certo, na organicidade da vida a acontecer.

As propostas sempre vêm não para nos fazer a vontade, mas para romper e abrir mais peito. Há sempre desconhecido por atravessar, barreiras por ultrapassar, amor por fazer. E como te relacionas com as propostas que a cada instante vêm ter contigo?

Tudo vem para despertar e desapertar. Despir o “é suposto”,  o “devia” para a honestidade crua do que se revela e abraçar o que se mostra, mesmo que te contradiga e te surpreenda.

E se de repente pudesses andar por aí relaxada respondendo ao que se apresenta, curiosa, desprendida… perder a vontade de “ter razão” e de “ter” e ir sendo momento a momento?!

E se o tempo se vai… aproveita o que está, o que fica. Afinal se estamos cá por um tempo há que desfrutar do tempo que é, com o que ele traz.

E desfrutar é também observar o tempo que corre sem forçosamente ter de o preencher. Também ele pode ser e nele seres.

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