Vigiar



Vigiai e Orai! 

É que ela sempre questionava e umas das perguntas era como podia contribuir melhor e ajudar no seu próprio processo. Era responsável pelo autocuidado. 

O compromisso que trazia era esse. E a vida tratava de expor os temas a serem trabalhados através das experiências. 

Observava-se quando lutava e quando se rendia. A resiliência perante os desafios, a força de agir e assumir o comando. Apanhava-se na resistência e relaxava. Aqui e agora, estar presente era sempre a proposta. Só aí se podia acompanhar. 

Vigiava e orava. Contemplando o que estava a acontecer a cada instante. Acudia-se e dava-me palavras de conforto.

A mente sempre gostava de histórias, de passado e futuro. Era o seu entretenimento.  Olhar para o alto, entregar-se ao divino para que a obra se faça. Não a minha, mas a de Deus. 

Que o coração se abra para receber as dádivas.

E diz que o dia é o da Mulher! Daquela que veio com a habilidade de gerar vida, que é receptora e recetiva. Que  cuida, embala e dá colo. Podia ser mais um dia… só que não.

É um dia que nasceu com nuvens, céu azul, chuva e sol. Ou melhor, que abri os olhos e despertei para o assistir e receber. E recordo da importância de receber, sou mulher. E ficar aí, rendida à condição que me assiste, passiva. Simples e complexo na dualidade inerente à matéria.

E só por hoje recordava mais uma vez a magia de ser, contemplar e estar presente em cada momento, recebendo-o com respeito e acolhimento.

A proposta do agora era bem diferente dos últimos tempos. O recolhimento era-lhe imposto. O parar, abrandar e aquietar. Ela ia respirando cada momento, dizendo sim. Permitindo-se sentir cada sopro.

E orava. Era a sua melhor oração de bem querer, gentileza e compaixão. Afinal era o seu maior amor.

E vigiava para que pudesse sempre recordar.



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