43

Fazer anos. Mais um ano de vida... e chegam os 43 anos. E o tempo esse parece que passa cada vez mais rápido. E a soma vai marcando a passagem por cá.

Este ano teve um sabor especial. Os acontecimentos inesperados, as circunstâncias, as surpresas e como nada se controla. Tudo se revela momento a momento. Nem mau, nem bom. E a mente criativa adora expectar e catalogar e tirar ilações. E os momentos passam e são bem mais simples, sem drama. E aprende-se a retirar importância, a sentir mais e deixar que se sinta. São ondas e deixar que passem. E há momentos mais duros. Que gostarias que não te passassem. Há decisões a tomar e empurrões que a vida te dá.

E ela, a vida, não se engana. Dá-te o empurrão na medida certa, ainda que não entendas, porque dói, magoa e te remete à fragilidade.

Só dessa forma podes receber a condição humana que te assiste. E a vida começa com um trauma, o nascimento, a exposição a um novo ambiente árido, frio. Um choque, um embate. E quer a vida relembrar-nos tantas vezes durante a vida do Nascer, através dos choques que nos vai dando.

Ela escolhia celebrar-se com tudo o que levava consigo, dentro e fora e fora, dentro. É que tratava-se de acolher, não escolher. Receber o que vinha, acomodar dentro de si o todo que se ia revelando.~

Não seria suposto sentir-se assim ou assado? Em comparação com o quê? E saltavam-lhe os condicionamentos, os padrões do exterior, da sociedade que sempre espera. E na verdade o inconsciente, a mente sempre vai buscar as narrativas, vai querer comandar, controlar. Restava-lhe observar e apanhar-se.

É que o convite dos 43 vinha com letras garrafais, SER AUTÊNTICA, em primeiro lugar para si, respeitando cada sopro, cada vontade, sem pretender ser a correta ou acertada.

E agora vinha-lhe a memória que aos 34 também lhe tinha sido proposto o mesmo desafio com narrativa diferente. Paga o preço por seres o que és. E sim, diferente dos demais, porque és única como todo e qualquer ser. Porque raio haveria de querer encaixar.

Este vai ser um único para lembrar. Diferente, único, com um desafio de vida. Em que tudo estava a mudar, uma viragem de 180º. E estar nesse desconhecido, nesse vazio, nessa travessia era a sua realidade de momento. E estar aí, descobrindo-se a cada passo.

Afinal assim é a vida, não andássemos tão ocupados para senti-la com essa intensidade e respiração. Agradecendo cada instante, com a noção da finitude. Contemplar, apreciar, observar e menos fazer.

E tudo lhe pedia para aprender, para estar na ciência da paz (paciência) e no silêncio reunir, incluir o separado. 

Ela seguia confiando, umas vezes mais firme outras cambaleando, mas sempre avançando, que o caminho é o do amor e consciência.

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