Ela encontrava-se no prelúdio. O show estava montado, só que ela não sabia ainda para quando, onde e do que se tratava.
O prelúdio sempre abre a cortina e começa a desvelar as primeiras pistas. E ela gostava... do mistério. Do não revelado. Do toque suave que toca, arrepia, que desmonta, abre e expande.
É que o céu não é o limite... quando há todo um Universo por revelar.
Ela levava uma música dentro. E quando a adivinham... ui, toda ela florescia e dançava. Ai, o que ela gostava de dançar.
Ela teve um sonho!
E nele cabiam tantos. E tímida por vezes dizia ainda não. Não lhe sabia as formas. Apenas sentia a energia, a garra da criadora que levava dentro. E de quanto prazer lhe dava criar, experimentar, explorar.
Tinha um medo do caralho de não saber como iria resultar... mas levava coração, vontade, amor. E isso sempre a empurrava para a frente. Vamos. E quando dava por ela, já estava no caminho.
E quando não sabia o que fazer a seguir vinha o exterior dar-lhe os desafios, os pontapés de saída. E ela, não negava um bom desafio.
Ela levava dentro a festa e o silêncio.
E quando entrava em modo intro. Algo se iniciava. Ia para dentro. Não lhe falem. Não lhe digam para fazer. Ela entra num modo muito próprio. O tempo desacelera e o ritmo.
De tempos em tempos ela precisava de morrer. De criar novas intros. De ir às profundezas e trazer novos eus. Às vezes, tantas, surpreendia-se com os tesouros que levava dentro.... e crescia na liberdade do seu ser.
E que surpresa era sempre descobrir-se mais livre que a sua mente e crenças. E permitir que a louca assumisse mais o comando.
Essa louca trazia o desaforo, as caralhadas, a resmunguice, mas também o grito do "Vamos Embora", "Vamos Curtir".
Era um vulcão em erupção. E ainda estava na intro!
É que à medida que vamos largando a tralha, recupera-se a energia por aí perdida e dispersa nos pensamentos, nas crenças e nos pesos pesados que por amor, ignorância carregámos.
Ela ainda estava no prelúdio... esperava-lhe todo um novo caminho pela frente. Estava marcado.
E sabia que se estava a despedir desta nova forma. A largar lastro.
E todo o segundo pedia para que estivesse em si. Que se observasse. E como a mente tenta fugir do corpo quando este sente. E como a mente tenta controlar o certo e o errado para proteger de viver.
E tudo o que a Alma quer é viver levando o corpo, integrado, completo. E o exercício de abrir o peito quando vem a emoção, o medo e a racionalidade é o melhor antídoto para voltar à Intro. Presente.
Ao sentir a voltar, a reiniciar. Há sempre uma parte que quer resistir, abalar e proteger-se, distraindo-se no automatismo, no lá fora, no pôr a atenção no outro.... há que regressar sempre ao primeiro passo, à primeira respiração, Fazer-se presente!
E aí estás sempre a questionar conceitos, definições.... atualização constante, upgrade do software. E em movimento, mais circulação dás à máquina, aos downloads e há que fazer refresh ao sistema, para que te acompanhe os passos.
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